D.Teresa recordou-se do recado deixado
por Antonio quando pela manhã ele pediu para ir até a Igreja de Nossa Senhora
dos Navegantes. A família Simão agora era apenas o velho José , o filho Antonio
Simão e esposa Teresa Simão, filhos Gérvasio, Márcia e Clara após um dia
abençoado, venderam praticamente quase
todos os peixes, reservaram alguns quilos de Agulhinha porquê D.Teresa queria preparar a sua famosa
e deliciosa moqueca.
___Márcia
e Ana hoje eu quero improvisar um pouco a minha muqueca. Quero fazer com
agulhinha.
Ana
era uma amiga muito querida que vez ou outra a visitava e gostava de ir com ela
à missa.
Naquele domingo, porém, Domingo de Páscoa, D.Teresa não pode ir em razão de estar trabalhando na
praia vendendo os peixes no mercado, uma construção com diversos boxes arejados onde os comerciantes oferecem seus produtos. Esta época do
ano era a melhor com peixes os mais variados: Marimbá, Mero, Mexilhão, Michole, Miraguaia, Moréia, Olhete, Ostra,
Oveva, Palombeta, Pampo, Parati, Pargo, Peixe-Porco, Peixe-Rei,
Pescada-Amarela, Pescada-Branca, Pescada-Cumbucu, Pescada-Olhuda,
Pescada-Verdadeira, Prejereba, Robalo, Roncador, Sardinha,
Sargo-de-Dente, Savelha, Tarpon, Tortinha, Ubarana, Vermelho, Viola,
Voador, Xarelete, Xaré,etc.
Há peixes de água
doce, e peixes de água salgada para todos os gostos.
Estavam
cansados mas valeu a pena tanto trabalho. D.Teresa conseguiu transmitir uma mensagem
usando o aplicativo de conversa avisando
Ana que a esperasse um pouco antes do
meio-dia. O Padre Álvaro marcou a missa nesse horário e a família voltou para
casa por volta das 11:00 horas a tempo de tomarem um bom banho, e irem bem
arrumados. D.Teresa gostava de chegar adiantada e sentar-se próximo ao altar da
Santa.
Antes
de saírem ‘’supervisionou a tropa’’! Conferiu se todos tinham colocado perfume,
desodorante, escovado os dentes, penteados, sapatos e calçados. Enquanto não
ficassem ‘’nos trinques’’ ninguém saia de casa. Até dava um pouco de estress!
Carla com treze anos já estava
usando os vestidos da irmã. Demoraram um pouco prá escolher e D.Teresa deu uma apressada
nas duas ajudando a escolher o vestido.
Márcia
e Clara como toda moça tinham suas vaidades e pensavam em conquistar um
namorado. Havia um ou outro pretendente, em geral, filhos dos outros
pescadores.Era assim que transcorria a vida naquele vilarejo, de gente simples
mas hospitaleira.
Gérvasio
era o rapagão que mais chamava a atenção das moças da vila, aliás, ele causava ‘’frisson’’
com as meninas de outras cidades, principalmente aquelas que frequentavam as
praias nos finais de semana, ou na alta temporada.
Padre Álvaro começou a missa pontualmente. D.Teresa adiantou os preparativos do almoço. Ainda bem que as meninas ajudaram adiantando o arroz e os legumes pré cozidos na véspera. As panelas ficaram tampadas e uma maionese gelando, mais um barril cheio de latinhas de cerveja cobertas de gelo picado. A família de Márcia ia almoçar com eles após a missa.
Padre Álvaro começou a missa pontualmente. D.Teresa adiantou os preparativos do almoço. Ainda bem que as meninas ajudaram adiantando o arroz e os legumes pré cozidos na véspera. As panelas ficaram tampadas e uma maionese gelando, mais um barril cheio de latinhas de cerveja cobertas de gelo picado. A família de Márcia ia almoçar com eles após a missa.
A família Simão na baixa
temporada, embora precisando continuar a viver da pesca, conseguiam viver da
venda de doces caseiros preparados pela mãe e as meninas. Sem falar da já
famosa moqueca de D.Teresa. Certa vez uma emissora famosa fez uma reportagem
sobre a vida dos pescadores naquele vilarejo, e souberam da moqueca tão falada.
Por sorte , uma vez que D.Teresa acompanhava o marido na venda dos peixes, a
encontraram preparando exatamente o delicioso prato.
Foi
necessário uma boa conversa para convencê-la a deixar a equipe entrar na casa.
Ela não queria porquê estava muito envergonhada, e dizia que nem tinha se
arrumado direito, e nem tinha varrido a casa.
Uma
jovem repórter é quem teve a proeza de ajudá-la ao pegar uma vassoura e
literalmente varrer todos os aposentos. Ajudou a arrumar a mesa, com os pratos
dos ingredientes, e nem se intimidou de também limpar os peixes. Assim D.Teresa ficou mais descontraída e durante
a filmagem ficou tagarela, explicando direitinho os preparos. Ao final da entrevista e edição da reportagem a equipe toda foi, digamos, convidada a provar a moqueca que foi unanimemente aprovada. Em determinado momento a D.Teresa solicitou que a deixassem sozinha quase ao final do preparo. Realmente ela ficou sozinha, ou quase, na companhia das filhas. Provavelmente aqui deve ter acontecido o chamado ''milagre dos deuses'', o tal segredinho especial. Dizem que depois desta reportagem aumentou a
frequência de turistas naquela praia, e aumentou a procura pelos doces e a tão
apreciada moqueca.
A
princípio D.Teresa ficou brava pela falta de iniciativa das filhas em arrumar a
casa, porque ficaram deslumbradas na
frente das câmeras. Então, bastou um rápido olhar de repreensão para que elas
buscassem outras vassouras, e se uniram a repórter na tarefa que deveria ser
delas, afinal de contas. Bom, após a preguicinha das meninas ter sido transmitida em rede nacional os hábitos na casa mudaram de razoável para muito melhor, ainda mais porque a moqueca passou a ser consumida nos quiosques ao longo da orla . Mas igual a moqueca de D.Teresa? Não há comparação! Inigualável, inimitável! O Segredo ? Está com ela e as filhas ! Guardado à muitas chaves, mais do que 7(sete) chaves! Quem provou a iguaria sentiu-se nas nuvens!Hummmmm
As mulheres dos outros pescadores até que tentaram tirar o segredo pensando que Ana a sua melhor amiga cometeria esse desatino. Ana nunca disse que sabia e nem que não sabia, às vezes comentava sorrindo que o segredo não estava nos temperos, e sim nas mãos de D.Teresa, no amor e carinho que transmitia. Porque deixar de acreditar ?! Gérvasio e o pai construiram um pequeno salão logo à entrada da casa que acomodava, na parte central, com conforto oito mesas para quatro pessoas, e lateralmente a esquerda e a direita mesinhas individuais para duas pessoas. Ao todo dava para servir 46(quarenta e seis) pessoas. O terreno ao lado pertencia à Prefeitura que fechou um contrato de aluguel por 5(cinco) anos. Recebeu melhorias com terraplanagem e construção de dois galpões ao fundo, um utilizado como oficina de manutenção dos motores de lanchas ou motores dos barcos maiores,já os saveiros de passeios eram consertados em outra oficina não muito longe dali. Um estacionamento coberto fora recentemente inaugurado para conforto dos turistas e pescadores da Cooperativa nos dias de reunião. Pequenas pousadas aproveitavam o estacionamento cotizando-se no pagamento do aluguel. O Prefeito nas prestações de contas dizia que logo aquele espaço seria destinado à construção de uma Escola Técnica Profissionalizante.
D.Teresa não abria o salão todos os dias, ela servia a moqueca e seus doces na barraca da praia mesmo , e na casa somente às quartas e sextas-feiras. O movimento maior mesmo era nos finais de semana, domingos e feriados. Uma vez por mês na última quarta-feira do mês acontecia a reunião da Cooperativa aproveitando o salão recém construído. Na praia em frente à barraca algumas lanchonetes incluíram no cardápio a moqueca que era preparada à parte e servida quentinha com a ajuda, inclusive, de algumas filhas dos pescadores. Assim direta e indiretamente a moqueca de D.Teresa gerou emprego pra muita gente!
D.Teresa não abria o salão todos os dias, ela servia a moqueca e seus doces na barraca da praia mesmo , e na casa somente às quartas e sextas-feiras. O movimento maior mesmo era nos finais de semana, domingos e feriados. Uma vez por mês na última quarta-feira do mês acontecia a reunião da Cooperativa aproveitando o salão recém construído. Na praia em frente à barraca algumas lanchonetes incluíram no cardápio a moqueca que era preparada à parte e servida quentinha com a ajuda, inclusive, de algumas filhas dos pescadores. Assim direta e indiretamente a moqueca de D.Teresa gerou emprego pra muita gente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário