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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Quarto capítulo- A deliciosa moqueca de D.Teresa


      

            D.Teresa recordou-se do recado deixado por Antonio quando pela manhã ele pediu para ir até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. A família Simão agora era apenas o velho José , o filho Antonio Simão e esposa Teresa Simão, filhos Gérvasio, Márcia e Clara após um dia abençoado, venderam  praticamente quase todos os peixes, reservaram alguns quilos de Agulhinha  porquê D.Teresa queria preparar a sua famosa e deliciosa moqueca.
___Márcia e Ana hoje eu quero improvisar um pouco a minha muqueca. Quero fazer com agulhinha.
Ana era uma amiga muito querida que vez ou outra a visitava e gostava de ir com ela à missa.           
              Naquele domingo, porém, Domingo de Páscoa, D.Teresa  não pode ir em razão de estar trabalhando na praia vendendo os peixes no mercado, uma construção com diversos boxes arejados onde os comerciantes oferecem seus produtos. Esta época do ano era a melhor com peixes os mais variados: Marimbá, Mero, Mexilhão, Michole, Miraguaia, Moréia, Olhete, Ostra, Oveva, Palombeta, Pampo, Parati, Pargo, Peixe-Porco, Peixe-Rei, Pescada-Amarela, Pescada-Branca, Pescada-Cumbucu, Pescada-Olhuda, Pescada-Verdadeira, Prejereba, Robalo, Roncador, Sardinha, Sargo-de-Dente, Savelha, Tarpon, Tortinha, Ubarana, Vermelho, Viola, Voador, Xarelete, Xaré,etc.
              Há peixes de água doce, e peixes de água salgada para todos os gostos.
              Estavam cansados mas valeu a pena tanto trabalho. D.Teresa conseguiu transmitir uma mensagem usando o aplicativo de conversa  avisando Ana que a esperasse  um pouco antes do meio-dia. O Padre Álvaro marcou a missa nesse horário e a família voltou para casa por volta das 11:00 horas a tempo de tomarem um bom banho, e irem bem arrumados. D.Teresa gostava de chegar adiantada e sentar-se próximo ao altar da Santa.
             Antes de saírem ‘’supervisionou a tropa’’! Conferiu se todos tinham colocado perfume, desodorante, escovado os dentes, penteados, sapatos e calçados. Enquanto não ficassem ‘’nos trinques’’ ninguém saia de casa. Até dava um pouco de estress!
             Carla com treze anos já estava usando os vestidos da irmã. Demoraram um pouco prá escolher e D.Teresa deu uma apressada nas duas ajudando a escolher o vestido.
            Márcia e Clara como toda moça tinham suas vaidades e pensavam em conquistar um namorado. Havia um ou outro pretendente, em geral, filhos dos outros pescadores.Era assim que transcorria a vida naquele vilarejo, de gente simples mas hospitaleira.
             Gérvasio era o rapagão que mais chamava a atenção das moças da vila, aliás, ele causava ‘’frisson’’ com as meninas de outras cidades, principalmente aquelas que frequentavam as praias nos finais de semana, ou na alta temporada. 
                Padre Álvaro começou a missa pontualmente. D.Teresa adiantou os preparativos do almoço. Ainda bem que as meninas ajudaram adiantando o arroz e os legumes pré cozidos na véspera. As panelas ficaram  tampadas e uma maionese gelando, mais um barril cheio de latinhas de cerveja cobertas de gelo picado. A família de Márcia ia almoçar com eles após a missa.
              A família Simão na baixa temporada, embora precisando continuar a viver da pesca, conseguiam viver da venda de doces caseiros preparados pela mãe e as meninas. Sem falar da já famosa moqueca de D.Teresa. Certa vez uma emissora famosa fez uma reportagem sobre a vida dos pescadores naquele vilarejo, e souberam da moqueca tão falada. Por sorte , uma vez que D.Teresa acompanhava o marido na venda dos peixes, a encontraram preparando exatamente o delicioso prato.
             Foi necessário uma boa conversa para convencê-la a deixar a equipe entrar na casa. Ela não queria porquê estava muito envergonhada, e dizia que nem tinha se arrumado direito, e nem tinha varrido a casa.  
             Uma jovem repórter é quem teve a proeza de ajudá-la ao pegar uma vassoura e literalmente varrer todos os aposentos. Ajudou a arrumar a mesa, com os pratos dos ingredientes, e nem se intimidou de também limpar os peixes.  Assim D.Teresa ficou mais descontraída e durante a filmagem ficou tagarela, explicando direitinho os preparos. Ao final da entrevista e edição da reportagem a equipe toda foi, digamos, convidada a provar a moqueca que foi unanimemente aprovada. Em determinado momento a D.Teresa solicitou que a deixassem sozinha quase ao final do preparo. Realmente ela ficou sozinha, ou quase, na companhia das filhas. Provavelmente aqui deve ter acontecido o chamado ''milagre dos deuses'', o tal segredinho especial. Dizem que depois desta reportagem aumentou a frequência de turistas naquela praia, e aumentou a procura pelos doces e a tão apreciada moqueca.
             A princípio D.Teresa ficou brava pela falta de iniciativa das filhas em arrumar a casa, porque ficaram  deslumbradas na frente das câmeras. Então, bastou um rápido olhar de repreensão para que elas buscassem outras vassouras, e se uniram a repórter na tarefa que deveria ser delas, afinal de contas.  Bom, após a preguicinha das meninas ter sido transmitida em rede nacional os hábitos na casa mudaram de razoável para muito melhor, ainda mais porque a moqueca passou a ser consumida nos quiosques ao longo da orla . Mas igual a moqueca de D.Teresa? Não há comparação! Inigualável, inimitável! O Segredo ? Está com ela e as filhas ! Guardado à muitas chaves, mais do que 7(sete) chaves! Quem provou a iguaria sentiu-se nas nuvens!Hummmmm
               As mulheres dos outros pescadores até que tentaram tirar o segredo pensando que Ana a sua melhor amiga cometeria esse desatino. Ana nunca disse que sabia e nem que não sabia, às vezes comentava sorrindo que o segredo não estava nos temperos, e sim nas mãos de D.Teresa, no amor e carinho que transmitia.  Porque deixar de acreditar ?!  Gérvasio e o pai construiram um pequeno salão logo à entrada da casa que acomodava, na parte central, com conforto oito mesas para quatro pessoas, e lateralmente a esquerda e a direita mesinhas individuais para duas pessoas. Ao todo dava para servir 46(quarenta e seis) pessoas.  O terreno ao lado pertencia à Prefeitura que fechou um contrato de aluguel por 5(cinco) anos. Recebeu melhorias com terraplanagem e construção de dois galpões ao fundo, um utilizado como oficina de manutenção dos motores de lanchas ou motores dos barcos maiores,já os saveiros de passeios eram consertados em outra oficina não muito longe dali. Um estacionamento coberto fora recentemente inaugurado para conforto dos turistas e pescadores da Cooperativa nos dias de reunião. Pequenas pousadas aproveitavam o estacionamento cotizando-se no pagamento do aluguel.  O Prefeito nas prestações de contas dizia que logo aquele espaço seria destinado à construção de uma Escola Técnica Profissionalizante.
              D.Teresa não abria o salão todos os dias, ela servia a moqueca e seus doces na barraca da praia mesmo , e na casa somente às quartas e sextas-feiras. O movimento maior mesmo era nos finais de semana, domingos e feriados. Uma vez por mês na última quarta-feira do mês acontecia a reunião da Cooperativa aproveitando o salão recém construído. Na praia em frente à barraca algumas lanchonetes incluíram no cardápio a moqueca que era preparada à parte e servida quentinha com a ajuda, inclusive, de algumas filhas dos pescadores. Assim direta e indiretamente a moqueca de D.Teresa gerou emprego pra muita gente!

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