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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

TRIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO - UM ELEVADOR PARA O ANTIGO FAROL!


                Gervásio caminhava ao encontro do ancoradouro mas não desgrudava os olhos do Saveiro que ficara naquelas piscinas naturais. E se o tempo muda-se repentinamente?  O tio João Lucas notou o seu ar de preocupação, o olhar lançado na direção do barco ancorado e dando-lhe um abraço no ombro afirmou:
      ___ Fiquem tranquilos! Vocês estão estranhando o comportamento do clima, não é mesmo? Eu mesmo como já disse, estranhei também, mas passados uns 20(dias) desta estação que antecede o inverno pude observar que aqui nada é como a gente espera.  Calma, eu explico, esta Ilha tem um eco sistema bem diverso.  Se eu disser que há um trecho extenso que parece um deserto vocês acreditariam?   Vocês poderão ver com seus próprios olhos! Aqui nós temos uma combinação de correntes marítimas que acredito não existir em nenhuma outra parte do planeta.
          O clima, então, age modificando a atmosfera e a temperatura das águas.  Um lado da Ilha é extremamente frio, e o lado oposto é quente.  Ao meio há uma mediana, inclusive onde o Saveiro ficou ancorado.   Como posso explicar melhor?   Subindo para a nossa casa logo aqui diante de nós.   Nossa casa foi a residência de um Holandês que tinha uma loja de antiguidades no centro da cidade. Vocês já devem ter ouvido falar dele. Ele mesmo construiu um elevador na base da entrada do ancoradouro, e é para onde estamos indo.   

     ___Tio, por favor, nem bem chegamos e o Senhor está criando um mistério maior do que eu imaginava sobre esta Ilha.   Claro que ela é repleta de belezas. Começando por esta calmaria que parece durar bastante, com exceção dos fortes ventos.  E esses ventos seguem sempre uma mesma direção, já notei isso também olhando essas sequências de palmeiras curvadas para o mesmo lado. 

      ___Tem mais coisas sobrinho!  Tem mais coisas prá você ver e conhecer! Vocês estariam prontos para conhecer uma descoberta que fizemos? Gervásio! Eu suponho que você já saiba do que se trata.

          Seu Pai deve ter comentado, eu sei que deve ter sido bem difícil manter segredo, né compadre José?

       ___Falou comigo, João Lucas ?

Gervásio e o tio gargalharam juntos.   E José foi o primeiro a chegar ao elevador que era bem antigo, utilizando um sistema de roldanas  e roscas denteadas com um contrapeso  numa das extremidades.  Possuía porta de ferragens que eram sanfonadas.  O senhor Holandês deve ter aplicado na pintura algum produto anti ferrugem. Esta muito bem conservado. 

        ___É uma mistura de madeira naval, tio! Comentou Gervásio.
         
        ___D.Teresa a senhora segue primeiro com o José, eu e Gervásio entraremos por último. 

          Após todos entrarem no elevador João Lucas destravou gradualmente a primeira roldana numa sequência de quatro; a partir da segunda um grande peso em forma cilíndrica passou lateralmente e igualou o peso com o peso dessa pedra, ou o que parecia ser uma pedra, talvez um peso metálico. A cada roldana acionada João Lucas conseguia controlar o solavanco que acontecia nas roscas denteadas.  Único desconforto naquele meio de transporte.  A altura até o alto do penhasco chegava a aproximadamente 8 (oito) metros.   Chegaram rápidos e um pouco assustados porquê fazia-se noite e dentro daquela gaiola de ferro a sensação não era nada agradável. Apenas a luz das estrelas por testemunha.
                   Um vento forte começou a assoprar naquela direção!
                    João Lucas chamou José de lado.   

       ___Olhe no horizonte José. Me fale o que você está vendo. Diga a primeira coisa que lhe vem à mente, ou aos olhos.      José segurava-se ainda à gaiola e virou-se para olhar.   Firmou os olhos, e depois esfregou como se não estivesse enxergando direito.   Estaria vendo exatamente aquilo?

            No limiar, aquela linha limite que a natureza desenha entre o céu e a terra, uma névoa rosada quase vermelha cor de sangue dissipava-se ou estaria formando-se tendo ao fundo uma sombra mais escura que o deixou de repente surpreso.

____É um navio ! Exclamou José.

___Olhe mais um pouco, continue olhando...não tire os olhos do horizonte. Aconselhou João Lucas.

___Mas...mas...o que é isso?!  Que absurdo!

___Lindo, não?  Eu também não acreditei quando vi a primeira vez.

Emendou João.

____É uma miragem, meu cunhado.  Acredite, é uma miragem noturna.  E riu gostosamente.

___Como assim uma miragem, eu estou vendo que é um navio!

        Corre uma lenda aqui , que sempre é contada para todos que nos visitam e assistem a este lindo pôr de sol, que um antigo Galeão Hispânico afundou no estreito braço de mar, bem perto de onde vocês deixaram o Fortuna ancorado.
          Nenhum mergulhador, profissional ou amador, ainda arriscou-se para saber se é verdade. E é muito tentador!

_____Imaginem! Mergulhar e encontrar o navio e toda a carga valiosa que ele trazia?  Dizem que é possível utilizar uma nova tecnologia de rastreamento do fundo do mar.  Mas do jeito que a natureza age aqui à seu bel prazer, os pesquisadores teriam que ser bem rápidos nessa procura. Os riscos são grandes !     Meus filhos estão estudando mergulho! Eles já me disseram que fazem mais por diversão e preferem fazer mergulhos no grande lago e suas cavernas submersas que a nossa ilha oferece. É preciso muita experiência para fazer um mergulho de inspeção dessa natureza, e outros recursos.

_____Venham, Anita e Ricardo estão ansiosos e atarefados.  Eles não param um segundo com os preparativos. São muito exigentes, capricham nos detalhes. Nem parece que o aniversário é o de Anita. Eles gostam muito de receber amigos!  Quanto mais receber seus primos.   Alguns convidados já chegaram, poucos que moram aqui mesmo na Ilha.   

____Vamos entrar, o elevador esta travado. Chegamos no topo!
            

A ILHA DOS MARRECOS! OUTROS SEGREDOS!

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