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domingo, 29 de novembro de 2020

Trigésimo Quarto Capítulo - O aniversário de Anita coincide com a véspera do Natal!

 

                 E caminharam juntos até uma pequena escadaria que era branca e mais branca ainda com vários enfeites que lembravam enfeites de natal! Isso chamou a atenção de Gervásio.

____Uauu ! Que linda escada meus tios! Mas falta um mês para os festejos natalinos, ou é apenas uma coincidência ?

____De modo algum sobrinho! Se você observou o calendário a nossa  Anita esta fazendo aniversário exatamente com o início do Advento, assim chamada a época histórica da visão da estrela que foi seguida pelos três reis magos anunciando a chegada ao nosso mundo de nosso senhor e salvador Jesus Cristo! Outros povos comemoram o Natal já desde agora, por exemplo, os alemães.

           É claro que não planejamos o nascimento de Anita. O próprio nascimento de Jesus é uma convenção ou diria uma data aproximada de seu nascimento. E aprendemos um pouco sobre isso desde quando ela nasceu.  Com o tempo a gente foi gostando da ideia de enfeitar a casa, uma para comemorar o aniversário, e outra para deixar a casa enfeitada até o Natal.

     '' Os alemães fazem a Coroa do Advento, que se parece com as guirlandas brasileiras, com quatro velas encaixadas nela. A primeira vela é acesa quatro domingos antes do Natal e, a cada semana, se acende mais uma. Eles ceiam no dia 24, com comidas mais simples, já no dia 25 há um almoço mais reforçado, com direito a pato assado, que é tradição, assim como o peru de Natal aqui no Brasil.''


___Ricardo! Pode acender as luzes !

Era a voz de Anita que soou poderosa ao microfone ligado no interior da residência. Uma grande surpresa aguardava os visitantes.

Assim que Ricardo atendeu ao pedido de Anita um festival de luzes de raios laser e música teve início, e uma linda trilha de flores surgiu logo a frente do término da escada indicando qual caminho a ser percorrido para dentro da casa.

       O Pai de Anita pediu: _

          Caminhem devagar e apreciem as decorações que Ricardo e Anita ''bolaram'' como eles costumam dizer na gíria dos jovens.

      Novamente Anita , visivelmente emocionada em sua voz embargada, abaixou um pouco o som e começou a cantar uma antiga canção de ninar . Cantou à capela.  Porém, logo o Pai e a Mâe  pegaram seus instrumentos musicais e a família reunida sobre um pequeno palco cantaram juntos. Aquela canção de ninar era cantada às crianças até quando elas passavam as férias na vila dos pescadores.

            Os compadres choraram com a lembrança. Olharam para os filhos perguntando:  Vocês lembram dessa cantiga? Lembram?

            Anita nem terminou de cantar e desceu correndo na direção dos tios e primos.

Ricardo fez o mesmo.

___ Que alegria em receber vocês meus tios e primos! Meninas vocês estão lindas, lindíssimas! Venham comigo, venham conhecer nossa casa. Que felicidade vocês me proporcionam.   

              Anita pegou das mãos deles e os conduziu aos aposentos.   Gervásio não imaginava que Anita ficara mais bonita agora adolescente, verdadeiramente uma linda mulher. E qual generosa ela foi com suas irmãs, porque aos seus olhos dali em diante não haveria mulher mais bela que Anita.   Ele de modo algum era volúvel. Conhecera muitas garotas na vila dos pescadores, e muitas garotas que vinham de outras cidades passar o final de semana nas lindas praias.    

              O pai sorria com o assédio que ele recebia, assédio que jamais atrapalhava, ao contrário, Gervásio com seu corpo atlético poderia ganhar a vida na cidade como modelo fotográfico.      

___Gervásio! Gervásio! Olhe prá mim!  Falou de súbito a irmã caçula.   E click!  Com a mãquina fotográfica recem adquirida ela tirou uma sequência de fotos, e aproximou Anita para junto dele.   Gervásio ficou gélido, tímido! Mas gostou de ficar mais perto dela. 

Anita e Gervásio formavam um belo casal.    Anita com o corpo modelado pelas aulas de mergulho e natação.    Gervásio igualmente no remo dos barcos sem motor, e pela natural habilidade de mergulhar sem aparelhos.

           Estavam todos os primos felizes com o reencontro sob a luz de um maravilhoso luar!

Aquele luar das mudanças das marés, das mudanças marcantes que registravam as paredes dos cômodos e recifes que circundavam a ilha!

           A festa de aniversário de Anita prosseguia bem animada ao som dos sucessos de música nacionais e internacionais. Um ''karaokê'' diante de um grande telão intercalava duas imagens , uma de belas paisagens da Ilha mostrando várias fotos do nascer e do pôr do sol, sem falar de lindas imagens das estrelas e das fases da lua.  Aquele lugar geograficamente estratégico parecia ser o centro do planeta. Surpreendentemente o horizonte visto de qualquer ponto daquela casa que já fora um antigo farol de orientação aos navegantes revelava-se sempre maravilhoso. 

                   O compadre chamou Gervásio para mostrar-lhe alguma coisa. Ele relutou porque estava ao lado de Anita cantando e dançando, porém ele não podia fazer feio e recusar o chamado do seu Tio.  Olhou para Anita e deu uma piscadinha prá ela, que ficou corada na mesma hora.  Passou a mão nos cabelos cacheados e assentiu positivamente a cabeça, quase falando por telepatia :   Vai ! Pode ir, mas volte logo!

                Foi o que o coração de Gervásio sentiu.   Gervásio não se fez de rogado .  Na primeira oportunidade ele iria conversar com seus tios e à moda antiga iria pedir a garota em namoro.   Pobre Gervásio, estava apaixonado!  Bobamente apaixonado!

             ___Gervásioo!  Gervásiooooo !     De súbito ''voltou à terra'' com o tio estalando os dedos em sua cara.    

____Você esta bem, sobrinho?

____Hãaaa...  Ahhh sim meu tio. Desculpe,  esta ilha é tão linda à noite! Olha isso! Meu Deus!   Disse Gervásio apontando para o brilho do luar nas águas mansas ao redor da Ilha dos Marrecos!

                    Caminharam até o alto do antigo farol semi destruido. Havia uma escada em serpentina parcialmente acessível.     

____Cuidado com os degraus!  Siga-me !  

          O tio caminhando a frente parou no meio da subida. Em condições de construção normal, ou melhor, construção integra,  inteira, completa, estariam aproximadamente no terceiro andar do Farol.    Era um misto de casa e rochas em círculos que envolviam o Farol , a ponto de não saberem onde começava uma coisa, e onde terminava outra.   

          Gervásio perguntou:   Tio! Porque paramos aqui?

____É isto que quero que você veja !  Prepare seu coração!

            Empurrando uma parede de rocha com relativa facilidade ficarem diante de outra escada, desta vez para o interior da encosta.  Era possível ouvir o quebras das ondas contra o paredão. O mesmo paredão do elevador.

____ Uauuuuuu! Exclamou Gervásio!    Ela vai até lá embaixo, Tio?

____Não exatamente!   Entendeu que é uma passagem secreta?  É muito antiga, esculpida na própria rocha. Eu verifiquei.  Agora a pergunta que não quer calar.

Quem construiu isto ?   Esta curioso?

         ____Eiiii  As escadas estão iluminadas!   

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

TRIGÉSIMO TERCEIRO CAPÍTULO - UM ELEVADOR PARA O ANTIGO FAROL!


                Gervásio caminhava ao encontro do ancoradouro mas não desgrudava os olhos do Saveiro que ficara naquelas piscinas naturais. E se o tempo muda-se repentinamente?  O tio João Lucas notou o seu ar de preocupação, o olhar lançado na direção do barco ancorado e dando-lhe um abraço no ombro afirmou:
      ___ Fiquem tranquilos! Vocês estão estranhando o comportamento do clima, não é mesmo? Eu mesmo como já disse, estranhei também, mas passados uns 20(dias) desta estação que antecede o inverno pude observar que aqui nada é como a gente espera.  Calma, eu explico, esta Ilha tem um eco sistema bem diverso.  Se eu disser que há um trecho extenso que parece um deserto vocês acreditariam?   Vocês poderão ver com seus próprios olhos! Aqui nós temos uma combinação de correntes marítimas que acredito não existir em nenhuma outra parte do planeta.
          O clima, então, age modificando a atmosfera e a temperatura das águas.  Um lado da Ilha é extremamente frio, e o lado oposto é quente.  Ao meio há uma mediana, inclusive onde o Saveiro ficou ancorado.   Como posso explicar melhor?   Subindo para a nossa casa logo aqui diante de nós.   Nossa casa foi a residência de um Holandês que tinha uma loja de antiguidades no centro da cidade. Vocês já devem ter ouvido falar dele. Ele mesmo construiu um elevador na base da entrada do ancoradouro, e é para onde estamos indo.   

     ___Tio, por favor, nem bem chegamos e o Senhor está criando um mistério maior do que eu imaginava sobre esta Ilha.   Claro que ela é repleta de belezas. Começando por esta calmaria que parece durar bastante, com exceção dos fortes ventos.  E esses ventos seguem sempre uma mesma direção, já notei isso também olhando essas sequências de palmeiras curvadas para o mesmo lado. 

      ___Tem mais coisas sobrinho!  Tem mais coisas prá você ver e conhecer! Vocês estariam prontos para conhecer uma descoberta que fizemos? Gervásio! Eu suponho que você já saiba do que se trata.

          Seu Pai deve ter comentado, eu sei que deve ter sido bem difícil manter segredo, né compadre José?

       ___Falou comigo, João Lucas ?

Gervásio e o tio gargalharam juntos.   E José foi o primeiro a chegar ao elevador que era bem antigo, utilizando um sistema de roldanas  e roscas denteadas com um contrapeso  numa das extremidades.  Possuía porta de ferragens que eram sanfonadas.  O senhor Holandês deve ter aplicado na pintura algum produto anti ferrugem. Esta muito bem conservado. 

        ___É uma mistura de madeira naval, tio! Comentou Gervásio.
         
        ___D.Teresa a senhora segue primeiro com o José, eu e Gervásio entraremos por último. 

          Após todos entrarem no elevador João Lucas destravou gradualmente a primeira roldana numa sequência de quatro; a partir da segunda um grande peso em forma cilíndrica passou lateralmente e igualou o peso com o peso dessa pedra, ou o que parecia ser uma pedra, talvez um peso metálico. A cada roldana acionada João Lucas conseguia controlar o solavanco que acontecia nas roscas denteadas.  Único desconforto naquele meio de transporte.  A altura até o alto do penhasco chegava a aproximadamente 8 (oito) metros.   Chegaram rápidos e um pouco assustados porquê fazia-se noite e dentro daquela gaiola de ferro a sensação não era nada agradável. Apenas a luz das estrelas por testemunha.
                   Um vento forte começou a assoprar naquela direção!
                    João Lucas chamou José de lado.   

       ___Olhe no horizonte José. Me fale o que você está vendo. Diga a primeira coisa que lhe vem à mente, ou aos olhos.      José segurava-se ainda à gaiola e virou-se para olhar.   Firmou os olhos, e depois esfregou como se não estivesse enxergando direito.   Estaria vendo exatamente aquilo?

            No limiar, aquela linha limite que a natureza desenha entre o céu e a terra, uma névoa rosada quase vermelha cor de sangue dissipava-se ou estaria formando-se tendo ao fundo uma sombra mais escura que o deixou de repente surpreso.

____É um navio ! Exclamou José.

___Olhe mais um pouco, continue olhando...não tire os olhos do horizonte. Aconselhou João Lucas.

___Mas...mas...o que é isso?!  Que absurdo!

___Lindo, não?  Eu também não acreditei quando vi a primeira vez.

Emendou João.

____É uma miragem, meu cunhado.  Acredite, é uma miragem noturna.  E riu gostosamente.

___Como assim uma miragem, eu estou vendo que é um navio!

        Corre uma lenda aqui , que sempre é contada para todos que nos visitam e assistem a este lindo pôr de sol, que um antigo Galeão Hispânico afundou no estreito braço de mar, bem perto de onde vocês deixaram o Fortuna ancorado.
          Nenhum mergulhador, profissional ou amador, ainda arriscou-se para saber se é verdade. E é muito tentador!

_____Imaginem! Mergulhar e encontrar o navio e toda a carga valiosa que ele trazia?  Dizem que é possível utilizar uma nova tecnologia de rastreamento do fundo do mar.  Mas do jeito que a natureza age aqui à seu bel prazer, os pesquisadores teriam que ser bem rápidos nessa procura. Os riscos são grandes !     Meus filhos estão estudando mergulho! Eles já me disseram que fazem mais por diversão e preferem fazer mergulhos no grande lago e suas cavernas submersas que a nossa ilha oferece. É preciso muita experiência para fazer um mergulho de inspeção dessa natureza, e outros recursos.

_____Venham, Anita e Ricardo estão ansiosos e atarefados.  Eles não param um segundo com os preparativos. São muito exigentes, capricham nos detalhes. Nem parece que o aniversário é o de Anita. Eles gostam muito de receber amigos!  Quanto mais receber seus primos.   Alguns convidados já chegaram, poucos que moram aqui mesmo na Ilha.   

____Vamos entrar, o elevador esta travado. Chegamos no topo!
            

sábado, 4 de julho de 2020

TRIGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO - BEM VINDOS À ILHA DOS MARRECOS !



                         Havia mesmo 3(três) botes que após as devidas explicações, e outros copinhos de tangerina acalmando a tripulação familiar, foram acomodados com respectivas mochilas e sacolas, porém sem excesso de peso.
                         D.Teresa ficou no primeiro bote com senhor José, em sequência o segundo bote atrelado veio com Márcia e Carla, e o terceiro com Gervásio.   Os botes estavam unidos como se fossem trenzinhos.  Um par de remos ficou no primeiro bote, e outro no terceiro, não havia remos para o bote de Márcia e Carla que a princípio ficaram receosas.   A presença do irmão logo atrás deixaram-nas confiantes.


___Será como passear de barquinho no túnel do amor, pessoal!  Disse José Simão com a sua voz de trovão.

___Ahhh sei!  ''Tá'' dando uma de romântico na hora errada, mas aceito!  Falou D.Teresa.


___Que é isso, gente !  Você nunca tiveram um passeio tão divertido, confessem !

___Eu concordo com Papai! Exclamou Carla que prá variar tirava fotos!

___Logo, logo, você vai ficar sem bateria, menina! Não é melhor guardar um pouco para a festa?

___Tem razão!  Eu acho que fiquei empolgada demais!  Desligando!

___Hei Papai! Você quer calcular a velocidade destes botes ?  disse rindo o Gervásio enquanto remava, e por vez ou outra tocando os recifes com a ponta dos remos apenas para controlar o afastamento.  Os recifes pontudos poderiam fazer um belo rasgo nos botes.  Como uma pequena distância poderia parecer uma eternidade?

___Esta aqui é fácil de calcular!  Vou abrir uma exceção prá você !   Faltam  10 minutos e se pegarmos uma onda em menos de 5(cinco) minutos chegaremos na orla. O primo nem precisava vir.   Mas vejam quem está a nossa frente!

___Olá Primo ! Eu demorei?

____Eu esqueci de comentar que numa faixa de 2(dois) quilômetros não há recifes.  E pronto: estou aqui para resgatá-los.  Se eu falasse ia perder a graça de vê-los remando os botes já tão pertos da praia.  Eu vim de barco mais para ajudar D.Teresa e as meninas. Podem saltar dos botes!  D.Teresa como vai?  Meninas? Estão bonitas e crescidas!  Você deve ser Márcia e você a Carla!

     D.Teresa olhou um pouco contrariada, e as meninas idem.  Que brincadeira de mal gosto!   Elas estavam assustadas, embora confiantes no Pai e no irmão.

      Ao perceber que a brincadeira não teve graça nenhuma João Lucas estendeu gentilmente a mão para ajudá-las a embarcar no barco.    Gervásio e José Simão acabaram rindo da situação, assim que sairam dos botes e puseram os pés no fundo arenoso.  Pegaram os laços que amarravam os remos, e usaram outros para arrastá-los até a praia.

____Vocês deixaram o Saveiro bem ancorado?

          José Simão olhou para Gervásio que respondeu :

____Agora que o Primo comentou eu recordo que a corrente não foi totalmente utilizada. A âncora chegou rapidamente ao fundo. Não sabíamos que era uma piscina natural.

____Hummm sem problemas.   O Saveiro vai ficar retido mesmo quando a maré subir.   Eu estou vendo o Saveiro. Não está muito longe. Nenhuma outra embarcação chegará por este lado da ilha.  Se o primo quiser mais a noite podemos retornar para deixar alguma iluminação.

____Meu amigo, irmão e primo!   Chega de preocupações !  Hoje é aniversário de sua filha!   Trouxemos presentes, não é mesmo Teresa?

___Prima! Desculpe a brincadeira.  Somos filhos de pescadores, e pensei em fazer uma surpresinha. 

___Foi mesmo uma bela surpresa !   Tem duas sacolas, e para não fazer ciúmes ao Ricardo nós trouxemos alguma coisa prá ele.

___Que é isso Prima, prá quê incomodar-se; deixe aqui sobre o banco.   Eu entrego aos cuidados de Zuca!

____E vocês José e Gervásio precisam de ajuda com os botes?

 ____Sim, leve-os com você até a beira da praia.   Seguiremos daqui. Obrigado por ajudar as meninas. Há um caminho pela orla, primo?

___ Vocês devem ter observado que sob determinadas condições climáticas o mar fica extremamente calmo com pouca formação de ondas.  Isso acontece por causa do imenso paredão de corais que se forma juntamente com os recifes.   Na verdade, os recifes formam diversas piscinas naturais aqui.  São bem bonitos de serem observados com muitas espécies de peixes que se alimentam e se reproduzem neles.   Gervásio deve estar muito curioso!

___Estou bastante impressionado, e curioso mesmo, meu tio! Não sei se devo chamá-lo assim, ou de primo.  respondeu Gervásio.

____ Somos primos em segundo grau, meu jovem estudante. Fiquei sabendo que esta na Universidade! Parabéns Primo!

____Obrigado!   O Atracadouro está iluminado!  Posso vê-lo daqui.  Devemos caminhar até lá?

____A Zuca deve ter acendido as luzes!  São luzes azuladas para enchergar sob nevoeiro.   É comum também as formação de nevoeiros. Eles se formam bem próximos da orla e das encostas da Ilha.   Com a luz do sol é possível caminhar e o atracadouro aceso ajuda na localização. 

           Enquanto conversavam eles avançavam até a beira da praia nas águas que iam ficando mais rasas.   João Lucas permaneceu próximo com  seu barco ligado, manejando o leme.  D.Teresa mais descontraída falou: -

____A Zuca ''tá'' bem ?  A comadre deve ter ficado preocupada com a gente.

  Disse assim para provocar o primo...

____Eu faço ideia do que vocês devem ter sentido quando a maré foi baixando tão depressa.  Eu peço desculpas!  Devia ter avisado o José Simão.   Primos, vocês me esperem na praia. Está ficando mais raso e tenho que encostar no atracadouro para o desembarque, mesmo porque eu tenho que deixar o barco por lá.     A Zuca deve estar esperando ansiosa.

___Peguem seus chinelos !  Lembrou D.Teresa jogando dois pares na direção deles.   E fechem as jaquetas ou pegarão uma friagem, meninos!

Exclamou D.Teresa, sempre pensando nos mínimos detalhes.

___Detesto quando ela chama a gente de meninos. Disse José falando com o filho.

         O Atracadouro ficava um pouco à esquerda em forma de ''L'' , e realmente as águas de apresentavam tranquilas naqueles momentos. Todos os ventos cessaram. O nevoeiro é que veio deixando uma sensação bem estranha, como se fossem vultos brancos dissipando-se ou ora mais espessos mas deslizando em volta.   Em alguns momentos podia-se visualizar formas humanas ou de objetos animados, formando desenhos de fantasmas em plena luz do dia.   Olhando em direção do atracadouro o contraste era impressionante. As águas já batiam à altura dos joelhos, e não demorou para pisarem na areia na faixa que acompanhava até o inicio do atracadouro. Calçaram seus chinelos e podiam ouvir a voz de Zuca chamando na direção dela que gesticulava alegre os braços, e dando alguns pulinhos.

             João Lucas atracou o barco. Desceu primeiro e puxou o barco de forma a deixar estabilizado rente à uma pequena escada em pequeno espaço recuado.   Zuca o ajudou sorrindo muito de felicidade. Ela e as meninas puderam então subir para os primeiros abraços, depois de tantos anos sem se verem.

 ____Gente do céu! Que alegria poder receber vocês!  Me deem um abraço bem gostoso! Que saudades que eu tinha de vocês! Meu Deus!  Que alívio que vocês estão bem!

____ Ohhhh minha prima adorada! Quanto tempo, quanto tempo!  Muito obrigada por ter convidado a gente!     respondeu emocionada ao beijos e apresentando as filhas, agora mais moças e crescidas.

___ Márcinha, Clarinha!   Que belezuras!  Deus abençoe vocês meninas! Como ficaram bonitas!  Olhem esses olhos cada vez mais azuis , ''Jesuis''! Falou brincando entre abraços e mais beijos.   Deixem que eu levo as sacolas, emendou Zuca.

___Imagine!  Eu é que devo ajudar.   Mas cadê a Anita e o Ricardo?  reparou D.Teresa na ausência deles .

___Eles estão em casa terminando os arranjos da festa.   Anita tá numa alegria que só vendo. Ela quer fazer uma suspresa para todos, inclusive prá mim e o João.   Não sei do que se trata, não me pergunte.
       Anita é assim!  Quando inventa de fazer uma coisa é sempre cheia de não me toques!

____Eita prima! Você continua alegre e engraçada. Que bom poder ouvir você falando desse jeito. '' Cheia de não me toques!"  gostei dessa.  E riam solto, as quatro juntinhas.

___Mas, vamos...vamos caminhando.  O Gervásio e o José Simão estão vindo em nossa direção.

       E caminharam abraçados!   Depois foi a vez dos primos abraçarem Zuca e mesmo o João Lucas novamente!

____Primo que nevoeiro estranho aqui.  É mesmo desse jeito?  perguntou José

____Pois é João! Estamos aqui há poucos meses e ainda não me acostumei. Estou pensando seriamente em reformar o velho farol e ativá-lo, porém já existe um farol do outro lado da Ilha que é menos perigoso. Lá é possível receber mais embarcações.    Vamos!  Vocês precisam de uma boa caneca de café quentinho!  A Zuca fez os doces e bolos que vocês tanto gostam!

___Que delícia !  Queremos sim!    Mas queremos mesmo é matar a saudade de Anita e Ricardo.  Anita principalmente que faz 19(dezenove) anos!  O Tempo voa , hein Zuca?

         Gervásio ouvia e imaginava como deveria estar aquela menina de tranças que não era mais criança, exatamente como diz a letra de uma famosa canção !

terça-feira, 30 de junho de 2020

TRIGÉSIMO PRIMEIRO CAPÍTULO - O Perigoso estreito sobre os corais!




                                         
              Ao ver os golfinhos nadando lado a lado com o Saveiro, tanto Gervásio quanto o Senhor José Simão conseguiram determinar que realmente, no mínimo, eles estavam navegando à uma velocidade de 54 km/hr   que é a velocidade máxima que os golfinhos podem alcançar em superfície.

                A julgar pelo comportamento do grupo de golfinhos que seguiam a frente  José Simão descartou a possibilidade de acontecer uma tempestade, e isso o deixou confuso a respeito de mudar sua previsão.   Se ele não tivesse zarpado e alguém o consultasse sobre o tempo, essa pessoa e outras seriam desestimuladas, infelizmente, a não deixarem o porto no dia de hoje.   Senhor José olhava para o céu azul e sem nuvens ; coçava o queixo e a nuca querendo entender uma ou outra coisa.   Na natureza os pescadores sabem que a presença de golfinhos é um bom sinal para a pescaria. Significa a presença de cardumes na região.  As meninas estavam adorando filmar e fotografar. Gervásio nem precisava mexer no leme da embarcação. Seguiam firme e avante à velocidade média de 54km/hr. O que José Simão queria observar, além da presença dos cetáceos, era a corrente marítima que apresentou-se forte como os ventos, portanto o Fortuna estava recebendo um ''empurrão''  a mais, e no mesmo sentido.  A corrente estava à favor do  Saveiro.   José chamou Gervásio, ou melhor, ia chamá-lo porém resolveu aproximar-se e comentou:


____Notou algo diferente no comportamento dos Golfinhos?

___Notei sim!  Por algum motivo todos estão nadando na velocidade máxima de superfície, e eles voltam e retornam lá na frente. Só posso dizer, então, meu Pai que o Saveiro está indo rápido!

___Se estivermos à 30 nós nossa velocidade é de 55,56 km/hr; notei também meu Pai que estamos navegando com uma forte corrente marítima. Fazendo algumas correções eu posso afirmar que nossa velocidade é de mais de 40 nós , isto é mais de 70 km/hr.   É melhor chamar a Márcia de volta. Ela corre perigo de cair no mar e se machucar.   E olhe lá no horizonte!   Não é a Ilha dos Marrecos?


___Por isso os Golfinhos nos acompanham. Já estamos chegando!   Os ventos diminuíram, pode recolher a bujarrona.  


___Se Márcia sair da proa eu subo e recolho.   

___Márcia volte filha, temos que recolher a vela, e não se atreva a fazer isso.

            Ela mandou beijos para os golfinhos e juntou-se à mãe e irmã descendo o porão. Queria mostrar a filmagem e as fotos.
         

Abriram o notebook de Gervásio e viram na tela uma linda imagem de um golfinho acompanhando um surfista australiano, uma foto que viralizou na Internet.




 


 ____ Essa velocidade é realmente alta!   Vamos fazer o seguinte:   Deixe a bujarrona erguida, se o vento diminuir iremos recolhendo aos poucos.   Os golfinhos estão fazendo nossa escolta.   Veja se consegue falar pelo rádio com o João Lucas, e pergunte onde iremos ancorar o Saveiro, ou se há um ancoradouro apropriado.

____É  !   A bujarrona está bem esticada e o leme firme à leste pelo lado esquerdo da Ilha.    Os golfinhos submergiram meu Pai!  Estão se afastando!   Por segurança será melhor o Saveiro sair desta forte corrente marítima, assim podemos controlar a velocidade de aproximação, mesmo que o vento continue.   Temos que evitar os recifes, recorda-se da última vez quando viemos de barco?


____Como esquecer filho!   Era um dia bem calmo, mas havia essa mesma corrente forte a empurrar nossos barcos.   Acho que tivemos muita proteção naquele dia!

____Claro que fomos protegidos!  Valeu-nos Nossa Senhora dos Navegantes, agora e sempre, Amém!

          Há um estreito por entre os recifes, um pouco mais ao centro.   Precisaremos fazer a manobra cuidadosamente usando o leme .  Acredito que será muito arriscado!    O estreito esta bem próximo do paredão de corais, e se o casco encostar vamos arrebentar contra os recifes.    Gervásio desamarre todas as velas, inclusive a bujarrona!   Precisamos perder velocidade, e é agora o momento.   Como está o vento?


___Ainda forte! O senhor tem razão, mas não terei como falar no rádio!  Ajude-me a recolher o mastro tombado para cima e lacrar com os mastros menores.   

     O mastro central foi recolhido à sua posição original formando uma longa escada.  Gervásio escalou as cordas e foi enrolando a vela triangular.   O Saveiro perdeu velocidade bem rápido, porém perdeu igualmente um pouco de seu equilíbrio sem a bujarrona.


____Tranquilo Gervásio, ele vai voltar ao centro. É normal por causa do seu próprio peso ele faz a compensação com os barris de madeira laterais.  Vamos retirar o tronco da base do leme.   Eu vou ligar o motor pela primeira vez.  Espero que não dê ''zica'' , que funcione.

           Gervásio assumiu o leme enquanto ''seu'' José ligava o motor.   Sem problemas!  Ligou de primeira!
_____ A ilha está aproximando-se, devemos estar a quase 37,04 km/hr.  Consigo ver algumas ondas, é melhor lançar âncora dentro de 10 minutos e falar com o João pelo rádio.

  ____Aqueles golfinhos fizeram um excelente trabalho!   Agora vamos ao nosso; vou fazer uma manobra de 360 graus, isso vai reduzir um pouco mais de nossa velocidade e vejo que a maré esta baixando! O que isso significa Gervásio?  

____Cuidado com os recifes!

____Muito bem filho, raciocínio rápido!

____Não...vire, vire o leme para a esquerda!  Disse Gervásio segurando as mãos dele e bruscamente manobrando o Saveiro a tempo de evitar uma colisão.    A manobra sacudiu o Saveiro fazendo as meninas e a mãe gritarem assustadas. Por pouco que o notebook de Gervásio não quebrou contra o beliche.   

____Meu Deus!  Como a maré baixa depressa por aqui!  Esse ciclo é completamente impossível, a não ser que estejamos perto de um atol de corais.  Olhe a transparência da água, Gervásio! Idêntica aquela da nossa pescaria.

____Estamos na outra extremidade leste da Ilha! O Saveiro está flutuando antes da linha dos recifes e do paredão de corais.  A Ilha dos Marrecos é parcialmente atol  com pequenas ilhas submersas. Bem curioso! Olhe pequenos tubarões cinzas aproximando-se.   Viu por onde entraram?

___Eles passaram por baixo do Saveiro! Pai!   Você trouxe o binóculo?

___Calma! Antes solte a âncora, e eu preciso ter certeza de algo.

          Ao soltarem a âncora a corrente não demorou a chegar ao fundo, ou melhor, nem era muito fundo, mas permitia que o Saveiro flutuasse , além do que a conclusão de José Simão era :    

____ANCORAMOS O SAVEIRO EM UMA PISCINA !  Não é apenas uma piscina, é a passagem estreita em direção à ILHA.  A gente não faria isso novamente em um milhão de tentativas!  É como acertar a bola 7(sete) na caçapa do canto!  

          Quando terminou a frase ao virar o rosto deu de cara com a máquina filmadora de Carla que gravou tudo, e girando sobre o pé direito filmou a piscina ao redor do Saveiro , além dos tubarões cinzas que zigue zagueavam pelos recifes à esquerda e a direita.

____Esses tubarões são mansos. Eles invadem esta piscina natural e outras sempre que a maré abaixa.   Comentou Gervásio olhando para a irmã, toda entusiasmada em descobrir todo o potencial do seu equipamento.   No porão do Saveiro a  Márcia e D.Teresa elogiaram o trabalho que fez na filmagem dos golfinhos.

'' ___AH ...esta máquina é excelente!"   Lembrou Carlinha dos elogios e seu agradecimento.

____Filha, deixa eu perguntar. Sua máquina tem ótimo zoom não é mesmo?  Se incomoda de me fazer um favor?   Mas preciso que desça do saveiro.


____Descer ? Não é fundo?  disse assustada

____Basta pisar onde eu falar prá você pisar, entendeu?

____ OK!  Só preciso pendurar a máquina no pescoço.

____Você vai mirar a objetiva desde a escada do Saveiro em direção daquela caverna!

____Mas que caverna ?

            Senhor José Simão deu uma sonora gargalhada que lembrava a gargalhada de um pirata !

____A Caverna que você vai ver ao mirar a objetiva e usar o zoom.  Fotografe tudo o que esta à esquerda, a direita e acima da caverna.  Veja se consegue filmar esse desfiladeiro de água transparente entre os recifes!

____Formidável Pai. Você descreveu o estreito, a passagem! Exclamou Gervásio.

       
         Com a filmagem nos teremos ideia da distância que falta para chegar e a partir de que momento acontece a formação de ondas.


____Senhora e Senhores iremos surfar com o Saveiro!

____Que ideia maluca meu Pai!

____Deixa sua irmã filmar primeiro. Ajude-a a descer! Desça você também.

____Aonde a Carla está indo?    Nossa quantas pedras! Falou D.Teresa

_____Carla está me ajudando a sairmos desta piscina de corais onde ficamos retidos! Disse Gervásio.



____Então, Carla, você conseguiu ?

____Quando começou a usar esta máquina eu pensava que fosse um bicho de sete cabeças, mas estou maravilhada e gosto cada vez mais de filmar e fotografar! Eu nasci prá isso!  Me ajude a subir de volta, meu irmão.   Papai vai gostar !  
Consegui fazer uma boa tomada.

___Ora, vejam só!  Usando o jargão dos fotográfos!

___Mas é óbvio, é óbvio!  respondeu Carla.
  
           Daquele dia em diante ela não ficaria sem a máquina à tira colo. Transformou-se em segunda roupa, diria melhor em segunda pele, segundos olhos !


___Verdade Pai, há uma praia e algumas ondas, e as águas batem em um ancoradouro, veja !


        Carla ao lado do Pai olhavam as fotos e filmes, primeiro as fotos bem nítidas, coloridas, e diversos ângulos. Foi possível observar que no alto, bem acima da caverna, havia uma casa com ampla janela. Por detrás da casa a ruína de um antigo Farol.


___Gervásio vai lá no rádio! Desta vez nada para nos interromper. Quando estabelecer contato com João me avise. Quero conversar com ele.



D.Teresa achegou-se do marido.

___Vocês devem estar famintos; aquele café requentado da manhã eu sei que não foi suficiente. A caixa de isopor esta aqui em cima; vou buscar os sanduíches e o suco de tangerina.

___ALÔ ! JOÃO LUCAS ME COPIA?  CÂMBIO!   JOÃO LUCAS, AQUI É O GERVÁSIO FILHO DO JOSÉ SIMÃO! CÂMBIO!   dizia Gervásio procurando o sinal de rádio do tio.


____CÂMBIO! POSITIVO! COPIANDO LIMPO E CRISTALINO!  QUE ALEGRIA OUVIR VOCÊ! SOU EU O JOÃO!  CADÊ O PRIMO JOSÉ? CÃMBIO.

         Márcia chame o Pai, diz que o João Lucas esta no rádio. Ela subiu até o final da escada e dali mesmo avisou o Pai.

              Senhor José atendeu ao chamado e D.Teresa retornou com ele.  Carla ficou olhando suas fotos e também usando a objetiva para olhar a natureza ao redor, principalmente o que os tubarões cinzas estavam fazendo por entre os recifes. Ela notou algumas carcaças de caranguejos pequenos e pequenas sobras de carne de outras peixes que o movimento das águas traziam para perto do Saveiro.  Seu olhar voltou-se para uma revoada de gaivotas  e entendeu a relação que todo aquele ambiente produziu nesse fenômeno constante da maré baixa e maré alta.  Pode conhecer o brilho que os corais coloridos deixavam nas águas transparentes, viu com seus olhos fascinados os filhotes de lulas procurando abrigo em pequenas tocas, agora visíveis nos recifes .  E enquanto houvesse bateria ela continuava tirando fotos e realizando vídeos.
____CÂMBIO!   BOM DIA !  PRIMO!  QUE FELICIDADE OUVIR SUA VOZ MEU IRMÃO, COMO VAI? ESTÃO TODOS BEM? CÃMBIO !

___CÂMBIO!   GRAÇAS A DEUS!   TUDO CERTO AQUI, AGUARDANDO SEU DESEMBARQUE!  SE VOCÊ  TEM SINAL NO CELULAR PODE DISPENSAR O RÁDIO. CÂMBIO! 

             D.Teresa que ouviu atenta a conversa e com o celular em mãos procurou o número adicionado, comentando:

____Por que não fizemos isso antes!  Ahhh  sim...por causa do sinal fraco!


          Pronto, querido,  ele está on- line , quer dizer, ahhhh...fala ai!

_____Bem melhor acionar o viva voz e sem precisar de tanto ''câmbio'' prá lá e prá cá!

_____Primo, onde vocês estão neste momento? Qual sua localização? perguntou João Lucas

_____Estamos retidos numa piscina natural há mais ou menos 20(vinte) minutos em linha reta, justamente, a frente do estreito entre os recifes.  Planejo fazer este Saveiro pegar uma onda, o que acha?

_____Sinceramente?  Acho que você é doido, porquê a profundidade em maré baixa vai iludir você, além disso o estreito não é totalmente livre de corais e recifes.

____Eu me atrevo a discordar de você! Tenho um vídeo que prova o contrário. O plano é libertar o meu Saveiro desta piscina natural e avançar lentamente pelo estreito.

____Só tem um jeito de acontecer isso Primo!  E você terá que me ouvir, entendeu?   Você tem que ser rebocado até o ancoradouro antigo na base da caverna do penhasco, já conseguiu ver a caverna?

___Sim, eu sei que há uma caverna mas só consigo vê-la na objetiva de uma máquina fotográfica de minha filha. respondeu José Simão.

 ___  Eu vou buscá-lo !   Não se arrisque! Pode perder seu Saveiro.

___Primo, é você que está se arriscando demais.   Vou aproveitar que o vento está bem fraquinho.  Que Nossa Senhora dos Navegantes esteja conosco!

____ Para quê tanto drama, Homem!   Dentro de 4(quatro) horas a maré vai voltar a subir e assim você pode navegar por sobre os recifes.

____Compreendo perfeitamente, mas considere que os ventos retornam com a maré alta e talvez sejamos jogados contra os recifes.  Não há alternativa. Precisamos sair enquanto os ventos cessaram. Se ficarmos nem iremos sair do lugar. E isso seria imprevisível.  

___ Calma, vamos pensar melhor!  Quantos botes você tem ai no Saveiro? Quantas pessoas cabem nele?

___Você tem razão e acertou em cheio. Pode dar certo, sim.  Temos 3 (três) botes e também uma prancha de surf.

____De qualquer forma eu irei atrás de você com meu barco à motor.   Se tivesse me falado antes que veio pelo leste eu teria orientado você a mudar o curso, e já estaria aqui conosco à salvo.

____Eu lamento, Primo. Foi uma decisão errada que eu tomei querendo chegar antes de uma tempestade.

____Que tempestade é essa? Primo?   O tempo está bom, apenas ventos fortes!  Que aliás estão fracos desde que a maré baixou!

____Muito bem, vou orientar Gervásio com os botes e deslizaremos pelo estreito até você nos avistar! Manteremos contato pelo celular.  Até mais, PRIMO!

         Vamos fazer um passeio família ?  Falou sorrindo José Simão

        







sexta-feira, 26 de junho de 2020

Trigésimo capítulo - No percurso para a Ilha !



                    D.Teresa permanecia nervosa o tempo todo. Márcia a olhava com preocupação dentro do carro. As meninas ladeavam a mãe que olhava para os lados, realmente agitada.  Chegava a incomodar o pai que olhava pelo retrovisor de tanto que ela se movimentava dentro da caminhonete.
___Teresa, você está nervosa!  O que foi? Perguntou senhor José.
___ Não é nada! É que faz tanto tempo que não saímos da Vila que estou estranhando a mudança da rotina, e ainda estou com sono.   E fico puxando pela memória.  Será que não esqueci alguma coisa?   Márcia você pegou as moquecas?
___Peguei Mãe!  Relaxe.  As sacolas estão aqui. E os tuperware dos sanduíches eu não esqueci, nem as garrafas de suco, a senhora quer um copo? Eu pego prá Senhora.
___No Saveiro eu vou aceitar.... José, você pegou as chaves? Lembrei!
___Estão comigo aqui no console!  Agora fique calma, eu preciso prestar atenção na estrada, ainda está um pouco escuro deste lado do caminho até o porto. Pare de se agitar ai no banco!   Quer vir aqui na frente? Trocar de lugar?
___Sim....eu vou ficar mais calma ao seu lado!
___ Ahhhh....eu sabia !  Você gosta de vir na janelinha!  Vou estacionar, seja rapida.  Gervásio, eu lamento, troque de lugar com sua mãe. É só por hoje.   Mas vou avisando que não tem janelinha no Saveiro, a não ser que você siga pilotando a embarcação!  Disse rindo
___Muito engraçadinho!   Gervásio a ajudou a descer e a ajudou depois a sentar no banco de passageiro.
      Márcia sabia que o motivo não era a janelinha.  Ela sabia que a mãe estava controlando sua língua para não contar prá todos que ela tinha recebido o pedido de casamento de Jorge. Era esse o motivo do seu nervosismo!   De qualquer forma sentia-se grata por poder contar com sua ajuda, e o seu silêncio, só não sabia quanto tempo iria durar.  Tinha que durar ao menos aquele final de semana.
         D.Teresa respirou um pouco aliviada. Quando sentada lá atrás, sentia-se oprimida, não estava à vontade com tantos pensamentos na cabeça.   Ficou feliz em sair da Vila, ficou mesmo!   Aquele passeio ia fazer bem a todos.  Foram dois meses bem puxados, e muita coisa acontecendo com a cidade, com a família, com seus amigos e parentes.   Julgavam que ela fosse uma fortaleza!  Ledo engano. Estava a ponto de desabar.  Encontrar os primos ia lhe fazer um bem enorme!
     Não demorou para chegarem ao porto, e estacionarem a caminhonete na vaga reservada em frente ao Saveiro Fortuna.  Senhor José Simão olhou carinhosamente para o rosto de D.Teresa; ele a conhecia como a palma da mão, a mão que ele pousou sobre a dele e beijou respeitosamente como quem beija a mão de uma Rainha.  A única mulher que amou verdadeiramente em sua vida. A mulher que na sua juventude e sempre trabalhando na pesca conheciam-se desde meninos ajudando, respectivamente, os pais naquele trabalho, diuturnamente.   A mulher que lhe deu a alegria de ser o Pai de três filhos lindos e maravilhosos.  José naquela manhã sentia-se muito emocionado e agradecido à vida. Era como se todos os sacrifícios tivessem valido à pena.  Seu coração talvez estivesse dando sinais de uma em breve despedida. Qualquer emoção dava-lhe uma pontadinha no canto, e ele suspirava fundo disfarçando o mais que podia.  Na cooperativa olhando o filho discursar para aquela plateia e vendo pessoas admirando aquele jovem pescador que estava cursando a Universidade, ele sentia um orgulho tão grande, mas tão grande ... Nossa, chega...! Preciso me controlar...por favor Minha Mãezinha do Céu '' me ajude a segurar essa barra'' ( lembrava da música de seu cantor preferido ), essa barra que é amar demais minha esposa e meus filhos.  Ainda quero fazer tanta coisa.   Deixa eu caminhar nessa Ilha com meus primos. Deixa eu curtir esse final de semana, e descobrir os segredos ocultos dessa Ilha.  Quisera que eu pudesse morar aqui com a Teresa e os meninos, o modo que José chamava seus filhos, misturando as meninas e o menino. Claro, meninos como é o gênero HOMEM na Humanidade,  isso sim, a humanidade de ensinar como se pega o peixe na vida!

                   Olhando nos olhos de Teresa ele enxergou toda uma verdade,  que Teresa queria contar alguma coisa para ele e não podia contar ou não queria.  Ele olhou profundamente naqueles brilhinhos cheios de vida e amor, e viu que um fogo divino lhe dizia...'' Tenho novidades!".      Senhor José Simão, o neto do velho Antonio Simão, descendentes dos antigos caiçaras, mestiços de índios Kamaiurá, índios que sabiam ler as estrelas, que sentiam na pele a brisa do tempo avisando de tempestades, ou de vários dias de seca, de muito frio, de pouco peixe.   Senhor José e poucos sabiam disso, exceto sua companheira, decifrava sonhos.   Muitos amigos pescadores vinham conversar em particular com ele, e confidenciavam seus segredos. O próprio Pai lhe contará sobre o salvamento de um menino que ele pegara no colo sob um grande penhasco.    O  velho Simão caminhava na praia e havia uma encosta bem alta, um pouco afastada da orla.   O velho ouviu um canto suave que a brisa do mar ia e vinha, dançando à sua volta, assoviando um chamado, num momento lembrava um passarinho, e noutro uma voz que o puxava para fora e mais próximo daquela encosta.   Era uma sensação boa e ao mesmo tempo de alerta....''venha...venha com cuidado''. Ele não ouvia mas na sua mente as palavras emergiam como as mãos suaves de um anjo a conduzi-lo em direção daquele lugar.    Ele olhava ao redor tentando saber de ''a voz'' ou o que fosse estivesse por perto.   O que ''aquela voz'' queria com ele, e por que ali na junção da areia com a terra , do salgado com o doce aroma do mato, do calor refletido nas águas do alto mar e o orvalho das flores que cresciam por entre as rochas?   Olhava para o alto, e precisava esconder o sol com as mãos para enxergar melhor.   Ouviu um grito e instintivamente abriu os braços em forma de concha, e num átimo se segundo fechou acolhendo uma pequena criança, um menino que assustado cairá de cima de uma árvore, um pé de goiaba que crescia à beira do penhasco. O garoto segurava a preciosa goiaba, menos preciosa que sua vida. Certamente, aquele menino aprenderia a lição.   O coraçãozinho do pequeno quase que saia pela boca de tão assustado que estava e mal acreditando de estar nos braços daquele homem a quem seria eternamente agradecido por ter salvo a sua vida.   

___O Senhor é um Anjo!  falou o menino tremendo...

___ Não, eu não sou um Anjo!  Anjo foi o vento que me trouxe aqui e que fez com que eu abrisse os braços!     Você , garoto, tem um lindo Anjo!  Agradeça à ele!

              José Simão ficou tão absorvido nessa lembrança que precisou ser cutucado para voltar à realidade.   Ele já tinha saído do carro, e estava do outro lado segurando a porta do lado do passageiro, ajudando Teresa a descer.   José tinha herdado o dom de estar atento aos sinais da natureza, sendo que para ele o dom ficou mais forte, no entanto, ''seu'' José, era tímido e muitas vezes recolhia-se na quietude de preparar um cigarrinho de palha, mergulhando no silêncio da noite, e cantando nas noites de lua cheia.   Nem sempre sua sensibilidade o ajudava, principalmente se sentia que algo de ruim ia acontecer. Ás vezes tinha medo de saber demais, e não conseguir mudar o destino. Ninguém pode puder o destino, e o mais triste é ficar conhecendo esse destino. Então, José usava o seu dom apenas para ajudar Teresa na escolha das ervas que ele a ajudava a plantar no quintal de casa.  Uma ocasião ao escolher folhas de hortelã ele viu nas próprias folhas uma casa desabando.  Correu para fora, correu o mais que pode em direção de outra casa. Chamou o morador e sua família para saírem todos, imediatamente.   Assim que, inclusive o cachorro, sai da casa, ela desabou como uma folha é arrancada pelo vento.   E foi um vento, o tal do vento noroeste que atravessou a casa como uma espada afiada.  Foi apenas isto, e mais nada.  Ninguém até hoje conseguia entender porque apenas aquela casa foi derrubada.  Mais uma vez, outro Anjo?
               
                 José Simão aceitava e procurava apenas viver modestamente, orando, vigiando, indo às missas com Teresa, agradecendo e trabalhando. Evitava comentar com outros essas ''coisas'' dele e do pai.   Mas muita gente sabia e respeitava, não duvidava não.  Porque há mistérios, muitos mistérios nesta vida e todos estão sob as mãos de Deus, até mesmo quando acontece coisa ruim...depois Deus, ou alguma coisa, trata de explicar o porquê.   Tem coisas que não adianta...outras a gente consegue saber...é assim mesmo!

____Pai?   O senhor está bem?  
____Âhhh...âhhhh...oi filho, sim estou...Vamos, vamos tirar as coisas pro Saveiro.  Vem tempestade!

____Tempestade?  Tá um céu de brigadeiro!  Sol a pino! Tem certeza!?

____Você me conhece filho, não discuta!   Tire o carro daqui e guarde atrás da Igrejinha dos Pioneiros, sabe onde fica?

___Sei sim...mas vou ter que voltar com a bicicleta do senhor.

___Sim,  isso mesmo,  volte com a bicicleta.  Vai depressa, veja como estou arrepiado!

              Gervásio não discutiu e D.Teresa abraçou-se com as filhas e ela igualmente sentiu os calafrios.

Márcia esboçou uma sensação de enjôo, e conteve-se.

                D.Teresa falou baixinho com a filha. 

___Não vou precisar falar nada para seu Pai. Ele já deve ter percebido alguma coisa sobre você.  Ele é tão discreto sobre ''aquele dom'' que eu mesma acabo esquecendo.  Você viu como ele ficou aéreo? Parecia tomado por uma força estranha. Quando ele fica assim, eu rezo muito, rezo muito!  Mas não tenha medo, isso passa, ele tem proteção de Nossa Senhora.

            Gervásio voltou depressa, entraram todos no Saveiro.

____Filho levante âncora, e solte todas as velas, até aquela maior da proa,  de forma triangular que se estufa e enverga num dos estais do velacho! Aproveitaremos para ir mais velozes.   É a primeira vez que este Saveiro vai usar a ''grandona', disse referindo-se á bujarrona !

               ____Suba até àquela amarras e solte uma de cada vez.   Eu vou manobrar o Saveiro para fora do estreito e aprumar na direção da Ilha. Prepare-se e amarre-se pela cintura, dentro do cesto no meio do mastro tem cordas. Use-as para prender-se bem.

____Valha-me Nossa Senhora dos Navegantes!   rezou D.Teresa que levou as filhas para dentro do Saveiro Fortuna e desceram um alçapão levando as sacolas.


____Puxa vida, aqui é grande Mãe! Olhando de fora a gente não tem essa visão.

____Filhas, rezem comigo!   Não tenho bom pressentimento!

       Dentro dos aposentos do Saveiro duas pequenas janelas divisavam o horizonte do mar ainda de quem olha do porto.  Elas podiam ver que o píer ainda estava rente, e aos poucos o Saveiro foi afastando-se.

     Carla prendeu os cabelos com um elástico, e deu outros para a mãe e a irmã prenderem os seus em coques graciosos que a seguir forma cobertos com lenços coloridos.

D.Teresa pegou de um terço guardado na bolsa e iniciaram o Creio em Deus Pai!

       Assustaram-se com o estalo forte das velas e de Gervásio no alto do mastro gritando ao Pai:

____Estica as amarras meu Pai à estibordo e bombordo. Estamos velejando! Uhuuuuuuuuuu

Gritou entusiasmado Gervásio que foi descendo por uma corda feito um corsário.

____Não é hora de brincadeiras!  Me ajude a puxar, o vento está mesmo forte, só espero que o mastro aguente firme!

____O Senhor acredita que virá tempestade?

____Você já devia ter aprendido!  O que acha desses ventos?  Porque assim no meio do nada?  E não demora muito.     Pegue aquele tronco ali no canto.   Traga-o para mim.  Me ajude a travar o leme.Iremos reto, sempre em frente.     Se aproveitarmos bem esses ventos podemos até escapar da tempestade.   Sem tempestade...sem tempestade....consegue me ouvir?   José Simão precisou elevar a voz que era de tufão diante do som estrondoso dos ventos sobre as velas que estavam completamente distendidas, estufadas, esticadas. 


_____Veja filho como é lindo o Saveiro com as velas abertas!  Igualzinho à foto na sua carteira, aquela que eu te dei na Cooperativa.

Veja, se não é igual!

o bujarrona vela cortador com uma bujarrona aparelho por Nicholas ...


____Porque o senhor acha que eu desci tão alegre e feliz? Lá de cima eu vi toda a belezura dessas velas, e mais ainda da Bujarrona. A gente vai voarrrrrr !

____Sem tempestade será uma maravilha porque não temos ondas grandes, quer dizer, por enquanto!

____Quer pilotar o leme ?   Manobre o suficiente para encaixarmos aquele tronco!

         D.Teresa e as filhas estavam terminando o terceiro mistério quando sentiram que o Saveiro ganhou velocidade e o porto foi ficando distante do alcance dos olhos.

____Com esses ventos, meu Pai, em quanto tempo acha que chegaremos à Ilha?

____ A velocidade é boa!   Lá do continente de cima da colina da primeira igreja podemos avistar a Ilha que dista aproximadamente uns 180 quilômetros!   Eu calculo que se o Saveiro estiver fazendo 60 km/hr chegaremos em 30(trinta minutos) ou menos.   Eu começo a pensar que foi uma benção não precisarmos ligar o motor!  Realmente uma benção!  A maré continua alta, isso é muito bom!  E é exatamente o tempo que nos resta, depois disto ela começa a baixar!

 ___Fique aqui  que eu vou descer prá ver se está tudo bem com elas! Ouviu?

____Ouvi perfeitamente, não precisa gritar! Falou sorrindo Gervásio.

____Eii...Pai!  Pegue o meu celular, depois...e tire uma fotos.  Fico igual à um capitão, né? Fala sério!

           O Pai foi se escorando até o degrau do alçapão que conduzia ao porão do Saveiro.  Chegou no finzinho da reza do terço, e fez o sinal da cruz dizendo Amém!

___Obrigado por terem rezado! Deve ter funcionado! Estamos zingrando os mares! Oh.. Oh..Capitão Gancho!   Nada de tempestade! Mas temos que chegar na Ilha antes dela. E se calculei direito levaremos uns 25 ou 30 minutos.

___Que bom! Obrigado Mãe! Falo D.Teresa apontando o dedo indicador para o céu, e recolhendo o terço com um beijo nas continhas de madre pérola!


          Sentou-se ao lado delas e as aconchegou num grande abraço.


____Querem subir para um retrato, todos juntos?   O Gervásio esta se sentindo o próprio Almirante no leme de um navio!  E esta sendo um lindo passeio.  Não há nuvens, como eu falei, por enquanto. Céu azulíssimo!   Mantenham o pensamento firme, assim como eu e Gervásio firmamos o leme em direção à Ilha dos Marrecos!     Subam para tirarmos fotos!

             Elas subiram à sua frente, quando Márcia ia subir ''seu'' José pegou suavemente a mão da filha, olhou-a e com um leve aperto da outra mão em seu ombro, falou: -

____Eu amo você! Não importa o que aconteça!  Eu amo você!

____ Eu também te amo Pai!

        ____Olhem quem está acompanhando nosso passeio!  Olhem à esquerda! Filmem! Filmem!

____Pode deixar que eu filmo! Exclamou Carlinha

            Um pequeno cardume de Golfinhos pulavam e mergulhavam continuamente '' escoltando'' o Saveiro Fortuna!

Ruque-Raque, um blogue cânico: LEVANTANDO A BUJARRONA

____Aonde você vai menina?  

Exclamou o ''seu'' José para filha que de posse de uma pequena porém poderosa máquina fotográfica, dessas que são ao mesmo tempo, filmadora, escalou o mastro inclinado de 35º da Bujarrona e do pequeno cesto, em pé, começou a filmar e fotografar quase sem cessar aquele lindo espetáculo da natureza!    

 Os golfinhos seguiam a frente bem abaixo dela e saltavam, davam piruetas, e cantavam ou melhor emitiam assobios engraçados. Dizem que é uma forma de comunicação entre as mães golfinhos e seus filhotes!

             Quando o Pai foi chamar sua atenção, já era tarde. Lá estava a peralta Carlinha quase tão alta quanto sua irmã Márcia que sem temor escalou até a extremidade do Saveiro. 

____Meu velho, escalar isso é o mesmo que ela subir nas árvores pra catar maçãs ou goiabas! Falou D.Teresa para tranquilizá-lo!







Planeta Vida: GOLFINHOS   

___Que criaturas lindas!

Um outro grupo de golfinhos um pouco mais atrás estavam interessados em Márcia! Era essa a impressão que passavam porque ela estava sentada do lado esquerdo, acenando com as mãos e pareciam corresponder.






___Eu não quero ser um estraga prazer! Os golfinhos pensam que estamos transportando peixes. Foram atraídos pelo cheiro que apesar de termos lavado o Saveiro,ainda é perceptível ao faro super apurado deles.   Tirem o máximo de fotos. Se eu tivesse alguns peixes eu até poderia oferecer a eles, mas tem que ser peixe pequeno. Infelizmente, amiguinhos, fico devendo!

quinta-feira, 25 de junho de 2020

A Ilha dos Marrecos ! livro em construção: Vigésimo Nono Capítulo - Lindo dia para o anivers...

A Ilha dos Marrecos ! livro em construção: Vigésimo Nono Capítulo - Lindo dia para o anivers...:                    D.Teresa foi deitar-se, mas não demorou para levantar e fazer um chá de ervas para se acalmar. Enquanto fervia a água ...



Vigésimo Nono Capítulo - Lindo dia para o aniversário de Anita!



                  D.Teresa foi deitar-se, mas não demorou para levantar e fazer um chá de ervas para se acalmar. Enquanto fervia a água buscou na dispensa um pote de camomila, entre os potes que ela adorava colecionar. Eram potes grandes com diferentes cores de tampas, cada um para um tipo de erva. D.Teresa tinha : erva-doce, canela de velho que é excelente para as articulações, reduzir o ácido úrico, e tirar o inchaço das pernas, e muito bom para reduzir o diabetes; outras eram pó de guaraná, cravo da índia, centelha asiática, alecrim, cujas propriedades medicinais são citadas em livros antigos.

               Aquelas ervas ou folhas que não tinham o seu pote, D.Teresa aproveitava as caixinhas de chá de erva mate e colava etiquetas com os nomes, e outras ela identificava pelo cheiro, por exemplo, a pimenta do reino, que em forma de chá recupera o ''ânimo'', eleva a auto estima, semelhante efeito acontece com a pimenta preta, porém cuidado, nada em excesso, apenas um punhadinho, uma colher de sobremesa rasa, pouco mesmo, e beber ainda quente ao deitar. É preciso deitar porque dá um suadouro!  E no equilíbrio hormonal da mulher o chá de folhas de amora é outra dica que D.Teresa gostava de compartilhar com suas amigas.  Elas cultivavam no jardim das residências essas farmácias alternativas, ervas que não podiam faltar em casa.  A casa de D.Teresa vivia cheirosa com aqueles vapores. Quando ela fazia o chá de flor de laranjeira, as pessoas caminhavam devagarinho pela calçada e respiravam fundo. Prá deixar o chá mais aromático ela acrescentava essência de baunilha.  

                 A pequena Carla amava o cheiro de todas as ervas, e aprenderá a fazer sabonete assistindo um vídeo na Internet. Ensinou a mãe a fazer sabão prá lavar roupa, aproveitando o óleo de cozinha que sobrava do preparo das moquecas, e de outros pratos.   Aliás, o Padre Álvaro convidou as duas a ensinarem no grupo das senhoras, claro quando tinham um tempinho de sobra.

                  Ela olhou para o relógio de parede, preocupada com a volta de Márcia, assoprava o chá devagarinho e ao mesmo tempo cheirando o perfume da erva de camomila, queria ficar mais calma, sem ansiedade.
                          Ouviu a voz do marido que a chamava de volta para a cama que era fã dos seus chás; até pediu uma xícara.

____Mulher! Acordada!?   Aproveita e traz uma xícara prá mim.  Preciso dormir bem!

____Já levo prá você!  Quer com pouco açúcar?

____Nenhum açúcar! Camomila já é doce!

                  Ouviu também a maçaneta da porta girando devagar. Pelo olho da porta viu que era Márcia, ela tinha a chave, caso todos estivessem dormindo. Imediatamente ela mesma terminou de abrir a porta para Márcia entrar, e fez o gesto de silêncio com o dedo em riste à boca, pegando na mão de Márcia, cochichando :     ___ Seu Pai acabou de pedir um chá...ele me ouviu na cozinha.  Faz uma prá você dormir  e leva pro seu quarto, filha!   Tira seus sapatos, eu trouxe seus chinelos.

              Quando pegou na mão de Márcia ela sentiu o anel, olhou surpresa, arregalando os olhos... e Márcia com aquele sorriso enorme de uma ponta da orelha à outra, falou quase aos pulinhos de alegria.

               

____ Jorge me pediu em casamento, mãe! Olha este anel, que lindo!

____Aí Filha, assim você me mata do coração!  Vem cá, deixa eu te dar um abraço! Puxa vida, por essa eu não esperava.    Psiuu, não fale mais nada!   Amanhã, digo, daqui há pouco a gente conversa.
Você demorou, disse que vinha logo, eu peguei no sono, fui prá cama, e nem tem meia hora que levantei prá fazer este chá.     Psiuuu!  Fale baixo!

___Mãe! Eu estou calada!  Mas eu estou tão feliz!

___Certo! Certo!     Ai Jesus, o que eu faço?  Minha filhinha vai casar!  É tão nova! E os seu estudos?

Veja o que você está fazendo com sua mãe!  Disse com lágrimas nos olhos

      Márca tirou os sapatos e sob a luz da única luz fraquinha da cozinha,  o seu anel brilhava como uma estrela aos olhos das duas que não paravam de se abraçar.

____Minha Filhinha!  falava D.Teresa beijando o rosto da filha.

       Reze pro seu Pai dormir melhor, porque ele vai se assustar com essa notícia!  Ele nem sabe do seu namoro com esse rapaz!   Que fogo é esse de vocês dois, hein!?

____Que é isso mãe, não fala desse jeito!

____E você quer que eu fale como?  Disse entregando o chá nas mãos da filha.

___Vamos dormir!   Logo será um novo dia!   Meus Deus, e que dia!

          Praticamente na ponta dos pés, elas foram para os seus respectivos quartos!

           `As 04:30 hrs da manhã o despertador tocou antes do galo cantar.   Elas tinha ido se deitar às 02:00 , e quase que D.Teresa não acorda tamanha a sonolência que o chá tinha provocado.   Mas dormiu pesado, profundamente, ainda sem acreditar na notícia de Márcia com aquele anel de compromisso, um noivado afinal de contas.    Como é que ela iria contar pro José ? Ou deixaria a Márcia contar tudo?   Na verdade, quem deveria fazer isso, na verdade mesmo era o Jorge. Seria melhor, esfriar cabeça, dela e da filha.   Que Márcia guardasse o anel, e sua alegria, pelo menos naquele final de semana.    Tinham que administrar o acontecimento. Dar um tempo pra que o próprio Jorge fizesse as honras de falar de Homem prá Homem com o seu futuro sogro. Sim, assim seria bem melhor!   Nada de afobação!   De afobação, aqueles dois estavam dando aulas. Já bastava isso por ora!

                  Ainda sonolenta e cambaleante, como fazia habitualmente, ela foi acordando um por um aquela ''turma''.  Primeiro acordou Márcia no quarto, e falou rapidamente sobre sua sugestão, e Márcia anuiu, concordando, que sua mãe estava certa.  Jorge tinha que ter o seu espaço de atuar no roteiro daquela história, a história de amor de suas vidas!

                Depois D.Teresa voltou para acordar José Simão que mesmo com o despertador ''mordendo'' sua orelha, não acordou, e ainda roncava alto, uma extensão de seu vozeirão.   Como é que conseguiam dormir com aquele estrondo pela casa?   

____ Acorda  Zé!   Acorda!    Eu é que devia dormir mais, e tô aqui...caindo pelo cantos e acordando vocês!

                 D.Teresa destrambelhava a falar, tanto que Gervásio ouviu do seu quarto, e de susto, jogou as pernas para fora da cama quase caindo no chão.   

____ Zé...me diz onde você guarda a chave do Saveiro, a chave do cadeado, a chave da caminhonete?  

_____Bom Dia!    Deixa eu acorda primeiro!  Você fica falando na minha cabeça, eu nem consigo pensar direito?

____Ahhhh pensar direito!?  É !?  Olha quem fala!   Se eu não ponho o despertador prá tocar, a gente ia perder essa viagem.   Me diz ai, como é que a gente vai levar as coisas pro Saveiro?

____Coisas?  Que coisas?  Mulher !

____Maridooooooo!  Escutaaaaaaa!   Hoje é o aniversário da Anita!   Temos presente pra levar no Barco!

_____Aiiiiiiii que sonooooo!    Disse Gervásio atravessando o corredor.

____Aonde você vai?  Perguntou a mãe toda nervosa.

____Vou tomar banho!   respondeu Gervásio prá mãe

____Ahhh não vai não!  Primeiro seu Pai.  Depois você!   Vou ficar na porta pra apressá-lo.  O tempo voa e a maré ainda esta alta, essa é a hora boa!

___Verdade mãe!  Vem Pai, vem pro chuveiro, eu já deixo ligado na temperatura que o senhor gosta, pelejando de quente,  o famoso arranca couro!   He he he    Disse gargalhando.  Estava de bom humor.   Finalmente chegou o sábado.  Ia rever Anita, que não via desde os 12 anos de idade.

___ Não precisa ficar na porta, Teresa.  Cuida do café, enquanto isso.

___ Vai ser café requentado!   Eu deixei uma caixa de isopor com outro café pronto e alguns sanduíches de patê de berinjela com carne louca, frita no alho e cebola. Tem suco de tangerina em duas garrafinhas térmicas!   Viu? Quem pensa? EU !  Tudo EU!

___Bom dia Mãe!   Fica calminha!  Vai ficar tudo bem!  Falou piscando o olho prá D.Teresa.   Olha que dia bonito lá fora!   Olha o sol que está nascendo! Não é maravilhoso?

___O que deu na Márcia?  Disse Gervásio olhando para a irmã , ao mesmo tempo que indagava da mãe aquele comportamento.

___Aliás o que deu nas duas?   Mãe tagarela, falando disparado como uma metralhora!

___Olha o respeito, menino!

___Márcia...quantas vezes você acorda cedo, sem nunca comentar que o dia está bonito?

___Ué, você olhou prá fora? Está bonito mesmo, e hoje é sábado, sem precisar ir ao quiosque empurrando o carrinho de peixe.  Você não está contente?

 ___Chega de falação!  Disse  a mãe.  Pronto seu pai já tá saindo, parece um galo escaldado, soltando fumaça!    Ah ah ah...gargalhou a mãe, descontraindo.    O resto da família olhou e riu bastante.  Senhor José estava com um topete de cabelo molhado como se fosse mesmo um galo.

           Somente Senhor José não riu que liberou o chuveiro para o filho.

___Vai lá tomar seu banho!  E não demore, preciso conversar rapidamente com você. Coisa séria!

___É ! Agora vi que ele acordou de verdade. Estou indo meu Pai, serei rápido!

          Vou me trocar e pegar sua bicicleta na garagem!

___Essa eu não entendi! Mãe, a senhora que pensa mais que todo mundo aqui...me diz o que ele pretende fazer com a minha bicicleta ?   

___Poxa filho, eu penso mais que todo mundo?  Vou lhe dizer uma coisa.  A questão nem é de pensar, a questão é de ter sensibilidade, olhar ao redor, prestar atenção nas mudanças que o tempo faz, e isso se aplica a qualquer coisa.   Ajudei você? Ou compliquei.  Pense na bicicleta ! Desde quando ela esta lá pendurada na parede, e olhe para si mesmo. Então, saberá a resposta.

         Quer uma dica ?   Quando foi a primeira vez que você andou com ela?  Se isto não lhe ajudar...hummm ai a coisa vai precisar de um band aid na testa!

____Foi a primeira vez que andei e desci a ladeira! Eu quis tanto andar com ela, e nem coloquei aquelas rodinhas dos lados, aquelas que ajudam no treinamento.  Foi o maior tombaço da minha vida! Esqueci, quer dizer, eu nem sabia usar o freio, quando vi já estava descendo a toda velocidade.   E um monte de gente correndo atrás de mim.

   '' Aperte o freio!  Aperte o freio!"  Todos gritavam!

___Eu sentia um misto de alegria, medo, adrenalina, a velocidade...e aquela falta de controle! Uauuuuuu que sensação gostosa.   Quer saber Mãe eu ainda gosto de andar de bicicleta, e....e...

___E... o quê, Gervásio?  Vamos, responda!  E o quê?  Falou a mãe na expectativa de ouvir a resposta que ela já sabia qual era.   

___ O gato comeu sua língua?   provocou

___Deixa eu terminar meu banho. Tem sabão no cabelo. Tô quase acabando, avisa o Pai, por favor.

      Gervásio levou suas roupas antes de entrar no banheiro, e trocou-se o mais rápido, enquanto escovava os dentes e penteava os longos cabelos que sempre prendia com um dos elásticos das irmãs, à disposição no vitro do box!

        Saiu com a toalha enrolada na cabeça, igualzinho ao modo que elas enrolavam feito um turbante árabe.   Quantas vezes levou bronca por usar o shampoo e o condicionador!

___   A primeira vez foi no dia do meu aniversário! Quando eu ganhei a ''matusquela''!

 Apelido carinhoso que ele deu à sua magrela, o jeito que a garotada chamava qualquer bicicleta, naqueles tempos.

___Você ainda me deve uma resposta, a resposta certa!  Eu confio em você, vai conseguir. Incentivou D.Teresa, que entrou para tomar o seu banho, enquanto chamava  à Carla que certamente já estava acordada no quarto dividido com Márcia:-

___Carlinha! Depois de mim é você!  Me faça um favor, querida.  Traz o rodo que deixei ai no corredor?

___Pode deixar que eu pego!  Disse Gervásio que estava no corredor.

Gervásio foi andando e falando para a Mãe ouvir.

___ Eu deixei de andar com a matusquela faz 4(quatro) anos! Fiquei grande demais e mais pesado. Ano passado quase dei de pres.... Então, a ficha caiu !     O pai foi buscar a ''matusquela'' para dar de presente?   Mas se Anita estava completando 19( anos) , a bicicleta também não lhe serviria.

___Acertou!  Seu pai vai dar a bicileta de presente!  Agora vai ver o que seu Pai tem prá conversar com você!   Troca de roupa antes, coloca desodorante, penteia o cabelo, escova o dente...e blá,blá, bláaaaa

____Mãezona, mais da metade do que você falou eu já fiz!   O rodo ''tá'' aqui encostado atrás da porta.     Gente, precisamos apressar !   O galo está cantando!  Deve ser 05:00 hrs da manhã. Precisamos sair daqui antes das 05:30hrs!  


       D.Teresa não deixou por menos...    

___Deixa eu cheirar!

___Ahhh para com isso!  Tome seu banho sossegada!  Respire fundo que consegue sentir o perfume. É o perfume do Pai.

___Esta vendo como eu tenho que supervisionar tudo nesta casa? Meu filho! Eu não tenho sossego!

___Coloca o perfume novo que comprei ontem de manhã na farmácia do Jorge!  O próprio Jorge indicou o perfume. Eu gostei, e tenho certeza que Anita vai gostar também. Sua irmã aprovou!

___Jorge de Farmácia?  Quem é esse ?

___Você ainda não sabe?  Aquele funcionário do balcão, é o novo dono!   Ficou muito amigo de sua irmã Márcia!

        Clara que dormia no mesmo quarto de Márcia apareceu nesse exato instante, e ia corrigir a mãe, quando ela depois do banho mais rápido que tomou em sua vida, ao sair, sutilmente cutucou seu chinelo , pisando de leve o dedo mindinho do pé esquerdo.

___Ohhh Mãe, você pisou no meu pé! Bom dia, né?!  Ihhhh eu fiz um happ !  Falou meio desconfiada de que a Mãe a queria calada.  E emendou:    ___ Eu posso usar o chuveiro?

___Vai entrando e seja vapt-vupt como eu.  Ainda bem que você está usando o mesmo número que sua irmã!  Pode escolher o vestido que quiser, mas eu acho melhor vestir calça jeans e tênis.  Vamos subir uma encosta para chegar na casa que fica numa colina, bem parecida com a colina da Santa!  Falou D.Teresa fazendo referência a colina do continente onde ergueu-se a primeira capela em louvor de Nossa Senhora dos Navegantes!

____Seu Pai deve estar nervoso!  Gervásio?   Gervásio?

      Gervásio tinha saído em busca do Pai na garagem.  Ele estava guardando a bicicleta na caminhonete.

____Olhe para sua ''matusquela'' com muito carinho!   Ela vai deixar saudade, mas para onde vai você poderá vê-la outras vezes.   Você importa-se de dar a ''matusquela'' de presente?

___De jeito algum meu PAI!  Conversei com mamãe há pouco. Conversamos sobre isso! Aliás, eu dizia que ano passado quase me desfiz dela. 

        Só uma pergunta: -    
____ Para quem daremos a bicicleta?  Não pode ser para Anita e nem ao Ricardo, certo?

____Hoje é aniversário da menina...isto é, uma linda mulher, a Anita, que completa 19 (dezenove) anos, a sua idade filho!   Os pais e os filhos irão cantar!  E tenho ideia de que João Lucas e comadre Joana, ou sua tia Zuca, como vocês estão mais acostumados a chamar, devem ter convidado outras famílias.   A bicicleta será surpresa para os filhos menores dessas famílias. Faremos um sorteio! O que acha da ideia?

___Formidável Papai!  Muito boa essa ideia.   Quando voltarmos do passeio, vou separar muitos brinquedos que tenho na garagem e doar para os filhos dos pescadores na Cooperativa. Esta mais do que na hora de fazer isso.  Obrigado pela iniciativa, Pai!

___Mas você ainda vai dar uma volta com ela.  Acha que ela aguenta seu peso?

___Não mesmo!   Pra andar somente usando a sua bicicleta de 10(dez) marchas, selim mais alto, e o guidão mais afastado, os freios melhores.   Apertou os freios da minha? Deu uma lubrificada?

___Sim, eu dei uma geralzinha.   Estava bem cuidada, só estava empoeirada.

___Realmente, você tem razão.  Vou colocar a minha bicicleta na caminhonete!

___Outra vez eu não entendi.  Para quê levar sua bicicleta?

___Filho! Quando chegarmos no ancoradouro e descer todo mundo, inclusive os presentes, que inclui sua bicicleta, você terá que devolver a caminhonete aqui na Cooperativa, que também é nossa casa.   E feito isso, você retorna pedalando a minha bicicleta!

___Meu Pai, que complicação!   Deixa eu ajudar você!   O Saveiro está alugado pelos próximos dois meses, não é?   Mas nada impede que o Senhor deixe aos cuidados de outro amigo pescador, concorda?

___Eu até pensei nessa possibilidade, filho!   Minha preocupação é outra. Preciso lhe contar uma coisa que o primo João Lucas me contou durante a semana pelo celular. Sua mãe ainda não sabe.

___O Senhor está de segredos com a Mãe?  

___Ouça!   O Primo me contou que ele e a esposa acharam um alçapão num dos quartos da nova casa.  Tem vários detalhes. Resumindo:  -

____Ontem à noite, ele foi sozinho nesse alçapão e desceu novamente para conhecer melhor.  Embaixo há um salão que divide-se em mais dois.  O lugar, incrivelmente, tem esses salões que são iluminados, provavelmente, da época em que havia um antigo Farol naquele ponto da Ilha.  Muito bem!  João Lucas percorreu o salão da direita, uma bifurcação do salão principal.   Conforme ele descia, eu disse descia porque tinha escadas mais largas e as paredes eram de rocha esculpida. As rochas tinha aparência de âmbar, uma resina amarelada, ok?   Até aqui nada demais! Exceto que outros artefatos históricos foram surgindo... É melhor eu pular essa parte. Você terá oportunidade de conhecer pessoalmente.  O fato é que a temperatura do lugar mesmo com a forte iluminação foi ficando mais fria, e ele precisou voltar para vestir um casaco porquê o que ele usava não dava conta de esquentar do frio que passou a sentir.    Outra coisa:   Um som que lembrava uma mulher cantando, como se fosse o canto de uma sereia.  Lembrava isso, mas não era isso. No entanto, João Lucas passou a sentir vertigem , a mesa vertigem que já havia sentido na primeira vez que conheceram aquele lugar.  E por causa dessa vertigem ele interrompeu sua investigação e retornou.  É esse o mistério!   Que frio seria aquele?   Provocado pelas paredes?  Uma ligação subterrânea com o Oceano logo abaixo e a frente?   O som seria provocado pelos ventos fortes?   E o outro salão, o salão da esquerda?  Teria a mesma aparência? Outros artefatos? Outro som?

           Estava aqui pensando, meu filho!  O que acha de levarmos o notebook, o seu notebook, conosco?   A gente tira fotos do lugar, e pesquisa na Internet.   É tudo bem fascinante!

____Claro! Poderemos levar sim. Que história incrível!  Porque tantos artefatos guardados nesse lugar, não é verdade?    Mas o que tem o Saveiro com isso?   Ahhhh entendi!  O senhor acha que podemos transferir alguns artefatos para o Saveiro e trazer para o continente?

____O que estou vendo é uma possibilidade!  Eu não sei o que se passa na cabeça do João.  Se é um lugar tão extraordinário, ainda é cedo para tirarmos conclusões, mas eu estou completamente arrepiado. Fico imaginando que a emoção de conhecer o lugar é que esteja provocando as vertigens no primo, ou então, alguma atmosfera mais rarefeita que dificulta a caminhada mais abaixo.   

            No Saveiro eu tenho os nossos equipamentos de mergulho!  Não sei...talvez sejam bem úteis.   Sabe daquele naufrágio Português que descobriram há alguns anos?  O galeão restaurado de origem Holandesa fora abatido e foi à pique durante uma batalha. Sendo reutilizado pelos Portugueses! Durante uma tempestade ele encalhou em recifes ao redor da Ilha dos Marrecos. Tentaram sair, porém a maré subiu logo, inundando e deixando o galeão mais preso. A tripulação teve poucos sobreviventes e não se sabe até hoje o que aconteceu com eles.

          João Lucas descreveu que entre os artefatos ele encontrou armas, espadas de diferentes origens, muitos utensílios de prata e cobre, jarros de vinhos, inclusive barris de pólvora, sem oferecer mais perigo, desconfia-se.   Teriam alguma ligação, os salões e o naufrágio?   É preciso uma investigação bem séria,entendeu filho?   Isso tem cheiro de Pirataria!

  ____ Gervásio, veja se elas estão prontas!  Estamos atrasados, e não podemos perder a maré alta!  Hoje teremos lua cheia, portanto,  a maré vai mudar dentro de 6(seis) horas!  ~

___Interessante!  Meu Pai, o seu comentário sobre a lua cheia, e o regime da maré.  Como será que se comporta a maré naquela região?

___Pois é!  Vamos...no caminho conversaremos mais.  E aí, cadê as moças?

___Elas estão vindo!    Parece que já fecharam a casa.  

      Senhor José Simão abriu a porta da garagem através de um controle remoto.  A porta da cozinha dava acesso à garagem. Transportavam algumas sacolas de plásticos mais reforçadas.

            Entraram na caminhonete. Senhor José e Gervásio já tinha arrumado tudo.  Na caminhonete cabine dupla, D.Teresa e as filhas ficaram nos banco de trás.   D.Teresa pediu para rezarem uma Ave Maria e um agradecimento à Nossa Senhora dos Navegantes!

___Mãe!   Elas são a mesma pessoa!

___Eu acredito que sejam ! Apesar de que a história da aparição no continente seja muito diferente da história dos pastorinhos em Portugal.   Há semelhanças, isso é inegável!   A aparição de uma senhora envolta em luz, por exemplo. No caso da colina foi apenas aquela que salvou os navegantes de colidirem com os recifes.  Melhor sorte não tiveram a história daquele naufrágio, lembra José?

___A gente estava conversando sobre isso , mãe!

            Rezaram, fizeram o sinal da cruz, e pegaram estrada em direção do porto.




A ILHA DOS MARRECOS! OUTROS SEGREDOS!

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