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sábado, 4 de julho de 2020

TRIGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO - BEM VINDOS À ILHA DOS MARRECOS !



                         Havia mesmo 3(três) botes que após as devidas explicações, e outros copinhos de tangerina acalmando a tripulação familiar, foram acomodados com respectivas mochilas e sacolas, porém sem excesso de peso.
                         D.Teresa ficou no primeiro bote com senhor José, em sequência o segundo bote atrelado veio com Márcia e Carla, e o terceiro com Gervásio.   Os botes estavam unidos como se fossem trenzinhos.  Um par de remos ficou no primeiro bote, e outro no terceiro, não havia remos para o bote de Márcia e Carla que a princípio ficaram receosas.   A presença do irmão logo atrás deixaram-nas confiantes.


___Será como passear de barquinho no túnel do amor, pessoal!  Disse José Simão com a sua voz de trovão.

___Ahhh sei!  ''Tá'' dando uma de romântico na hora errada, mas aceito!  Falou D.Teresa.


___Que é isso, gente !  Você nunca tiveram um passeio tão divertido, confessem !

___Eu concordo com Papai! Exclamou Carla que prá variar tirava fotos!

___Logo, logo, você vai ficar sem bateria, menina! Não é melhor guardar um pouco para a festa?

___Tem razão!  Eu acho que fiquei empolgada demais!  Desligando!

___Hei Papai! Você quer calcular a velocidade destes botes ?  disse rindo o Gervásio enquanto remava, e por vez ou outra tocando os recifes com a ponta dos remos apenas para controlar o afastamento.  Os recifes pontudos poderiam fazer um belo rasgo nos botes.  Como uma pequena distância poderia parecer uma eternidade?

___Esta aqui é fácil de calcular!  Vou abrir uma exceção prá você !   Faltam  10 minutos e se pegarmos uma onda em menos de 5(cinco) minutos chegaremos na orla. O primo nem precisava vir.   Mas vejam quem está a nossa frente!

___Olá Primo ! Eu demorei?

____Eu esqueci de comentar que numa faixa de 2(dois) quilômetros não há recifes.  E pronto: estou aqui para resgatá-los.  Se eu falasse ia perder a graça de vê-los remando os botes já tão pertos da praia.  Eu vim de barco mais para ajudar D.Teresa e as meninas. Podem saltar dos botes!  D.Teresa como vai?  Meninas? Estão bonitas e crescidas!  Você deve ser Márcia e você a Carla!

     D.Teresa olhou um pouco contrariada, e as meninas idem.  Que brincadeira de mal gosto!   Elas estavam assustadas, embora confiantes no Pai e no irmão.

      Ao perceber que a brincadeira não teve graça nenhuma João Lucas estendeu gentilmente a mão para ajudá-las a embarcar no barco.    Gervásio e José Simão acabaram rindo da situação, assim que sairam dos botes e puseram os pés no fundo arenoso.  Pegaram os laços que amarravam os remos, e usaram outros para arrastá-los até a praia.

____Vocês deixaram o Saveiro bem ancorado?

          José Simão olhou para Gervásio que respondeu :

____Agora que o Primo comentou eu recordo que a corrente não foi totalmente utilizada. A âncora chegou rapidamente ao fundo. Não sabíamos que era uma piscina natural.

____Hummm sem problemas.   O Saveiro vai ficar retido mesmo quando a maré subir.   Eu estou vendo o Saveiro. Não está muito longe. Nenhuma outra embarcação chegará por este lado da ilha.  Se o primo quiser mais a noite podemos retornar para deixar alguma iluminação.

____Meu amigo, irmão e primo!   Chega de preocupações !  Hoje é aniversário de sua filha!   Trouxemos presentes, não é mesmo Teresa?

___Prima! Desculpe a brincadeira.  Somos filhos de pescadores, e pensei em fazer uma surpresinha. 

___Foi mesmo uma bela surpresa !   Tem duas sacolas, e para não fazer ciúmes ao Ricardo nós trouxemos alguma coisa prá ele.

___Que é isso Prima, prá quê incomodar-se; deixe aqui sobre o banco.   Eu entrego aos cuidados de Zuca!

____E vocês José e Gervásio precisam de ajuda com os botes?

 ____Sim, leve-os com você até a beira da praia.   Seguiremos daqui. Obrigado por ajudar as meninas. Há um caminho pela orla, primo?

___ Vocês devem ter observado que sob determinadas condições climáticas o mar fica extremamente calmo com pouca formação de ondas.  Isso acontece por causa do imenso paredão de corais que se forma juntamente com os recifes.   Na verdade, os recifes formam diversas piscinas naturais aqui.  São bem bonitos de serem observados com muitas espécies de peixes que se alimentam e se reproduzem neles.   Gervásio deve estar muito curioso!

___Estou bastante impressionado, e curioso mesmo, meu tio! Não sei se devo chamá-lo assim, ou de primo.  respondeu Gervásio.

____ Somos primos em segundo grau, meu jovem estudante. Fiquei sabendo que esta na Universidade! Parabéns Primo!

____Obrigado!   O Atracadouro está iluminado!  Posso vê-lo daqui.  Devemos caminhar até lá?

____A Zuca deve ter acendido as luzes!  São luzes azuladas para enchergar sob nevoeiro.   É comum também as formação de nevoeiros. Eles se formam bem próximos da orla e das encostas da Ilha.   Com a luz do sol é possível caminhar e o atracadouro aceso ajuda na localização. 

           Enquanto conversavam eles avançavam até a beira da praia nas águas que iam ficando mais rasas.   João Lucas permaneceu próximo com  seu barco ligado, manejando o leme.  D.Teresa mais descontraída falou: -

____A Zuca ''tá'' bem ?  A comadre deve ter ficado preocupada com a gente.

  Disse assim para provocar o primo...

____Eu faço ideia do que vocês devem ter sentido quando a maré foi baixando tão depressa.  Eu peço desculpas!  Devia ter avisado o José Simão.   Primos, vocês me esperem na praia. Está ficando mais raso e tenho que encostar no atracadouro para o desembarque, mesmo porque eu tenho que deixar o barco por lá.     A Zuca deve estar esperando ansiosa.

___Peguem seus chinelos !  Lembrou D.Teresa jogando dois pares na direção deles.   E fechem as jaquetas ou pegarão uma friagem, meninos!

Exclamou D.Teresa, sempre pensando nos mínimos detalhes.

___Detesto quando ela chama a gente de meninos. Disse José falando com o filho.

         O Atracadouro ficava um pouco à esquerda em forma de ''L'' , e realmente as águas de apresentavam tranquilas naqueles momentos. Todos os ventos cessaram. O nevoeiro é que veio deixando uma sensação bem estranha, como se fossem vultos brancos dissipando-se ou ora mais espessos mas deslizando em volta.   Em alguns momentos podia-se visualizar formas humanas ou de objetos animados, formando desenhos de fantasmas em plena luz do dia.   Olhando em direção do atracadouro o contraste era impressionante. As águas já batiam à altura dos joelhos, e não demorou para pisarem na areia na faixa que acompanhava até o inicio do atracadouro. Calçaram seus chinelos e podiam ouvir a voz de Zuca chamando na direção dela que gesticulava alegre os braços, e dando alguns pulinhos.

             João Lucas atracou o barco. Desceu primeiro e puxou o barco de forma a deixar estabilizado rente à uma pequena escada em pequeno espaço recuado.   Zuca o ajudou sorrindo muito de felicidade. Ela e as meninas puderam então subir para os primeiros abraços, depois de tantos anos sem se verem.

 ____Gente do céu! Que alegria poder receber vocês!  Me deem um abraço bem gostoso! Que saudades que eu tinha de vocês! Meu Deus!  Que alívio que vocês estão bem!

____ Ohhhh minha prima adorada! Quanto tempo, quanto tempo!  Muito obrigada por ter convidado a gente!     respondeu emocionada ao beijos e apresentando as filhas, agora mais moças e crescidas.

___ Márcinha, Clarinha!   Que belezuras!  Deus abençoe vocês meninas! Como ficaram bonitas!  Olhem esses olhos cada vez mais azuis , ''Jesuis''! Falou brincando entre abraços e mais beijos.   Deixem que eu levo as sacolas, emendou Zuca.

___Imagine!  Eu é que devo ajudar.   Mas cadê a Anita e o Ricardo?  reparou D.Teresa na ausência deles .

___Eles estão em casa terminando os arranjos da festa.   Anita tá numa alegria que só vendo. Ela quer fazer uma suspresa para todos, inclusive prá mim e o João.   Não sei do que se trata, não me pergunte.
       Anita é assim!  Quando inventa de fazer uma coisa é sempre cheia de não me toques!

____Eita prima! Você continua alegre e engraçada. Que bom poder ouvir você falando desse jeito. '' Cheia de não me toques!"  gostei dessa.  E riam solto, as quatro juntinhas.

___Mas, vamos...vamos caminhando.  O Gervásio e o José Simão estão vindo em nossa direção.

       E caminharam abraçados!   Depois foi a vez dos primos abraçarem Zuca e mesmo o João Lucas novamente!

____Primo que nevoeiro estranho aqui.  É mesmo desse jeito?  perguntou José

____Pois é João! Estamos aqui há poucos meses e ainda não me acostumei. Estou pensando seriamente em reformar o velho farol e ativá-lo, porém já existe um farol do outro lado da Ilha que é menos perigoso. Lá é possível receber mais embarcações.    Vamos!  Vocês precisam de uma boa caneca de café quentinho!  A Zuca fez os doces e bolos que vocês tanto gostam!

___Que delícia !  Queremos sim!    Mas queremos mesmo é matar a saudade de Anita e Ricardo.  Anita principalmente que faz 19(dezenove) anos!  O Tempo voa , hein Zuca?

         Gervásio ouvia e imaginava como deveria estar aquela menina de tranças que não era mais criança, exatamente como diz a letra de uma famosa canção !

A ILHA DOS MARRECOS! OUTROS SEGREDOS!

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