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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Oitavo capítulo - Aplausos na reunião da Cooperativa.

              

               Luzes acesas no salão que passavam a claridade pelo largo estacionamento de areia batida. Chegaram bem a tempo, quase que pontualmente, faltando uns cinco minutinhos prá '' nove horas da noite''.
                Logo à entrada, dois cabides de madeira acomodavam chapéus e casacos dos participantes. Cadeiras de plástico enfileiradas, quinze para a direita, e quinze para a esquerda, tendo uma cortina branca suspensa em um trilho iluminado com pequenos holofotes, desses usados em peças de teatro. Um deles aceso foi o suficiente. Mais que um já seria desperdício de energia.
               Uma mesa de madeira e outras cadeiras no palco preparado que distava somente um degrau do chão do salão.   Senhor Simão tirou seu velho chapéu deixando aparecer sua calvície acentuada que reluzia sob o holofote causando alguns risos baixos entre alguns amigos presentes. Os homens falavam aos sussurros entre eles à moda de pessoas que demonstravam ansiedade e curiosidade pelo tema da noite. Junto deles o Prefeito que estava em silêncio coçando pensativamente a sua barba branca.
                     Gervásio caminhou direto para o palco cumprimentando com acenos algumas pessoas. Olhou ao fundo do salão que dividia-se com a cozinha da casa de seus pais.  A vila dos pescadores era uma dentre várias vilas, algumas dedicando-se à pesca natural com barcos e redes. Vários barcos transformados em barcos a motor e manutenção sendo feita na galpão ao fundo do pátio de estacionamento, onde outro galpão mais antigo recebia para conserva e distribuição por mês aproximadamente 3(três) toneladas de peixes. 
                  Aqui são recebidas as coletas de quase todas as vilas. As embarcações variam de tamanho e capacidade, as maiores com motores mais potentes. A solidariedade dos pescadores aos moradores das margens dos manguezais é fruto de uma conscientização pela preservação ambiental.. Estes cooperados necessitam igualmente serem ouvidos porque trazem questões importantes. Uma delas é a necessidade de estimular boas práticas de manejo sustentável para inibir ou coibir atividades predatórias. Muito delicada a situação da população ribeirinha dos mangues que vivem de outra qualidade de pesca: a pesca artesanal !  
            Pescam  siris, guaiamuns (caranguejos) e mechilhões.
            
              O salão estava repleto! Nas laterais Gervásio observou pessoas de pé, mulheres de meia idade e algumas crianças. O Prefeito Bastos compareceu a reunião e olhava incomodado para aquela situação. Fez uma menção de que iria levantar-se de onde estava e ceder seu lugar quando  Clara retornou com mais cadeiras, auxiliada por D.Teresa. À frente tanto a direita quanto à esquerda formaram-se outras fileiras. Aquelas mulheres e crianças ficaram devidamente acomodadas. Entre as mulheres duas irmãs bem conhecidas : Maria Augusta e  Neusinha Ribeiro.

             Elas são além de trabalhadoras na pesca artesanal, intimamente ligadas a preservação das gaivotas, em particular a proibição de captura do marreco mandarim que esta em via de extinção. Ao sentarem-se cumprimentaram Gervásio e lhe estenderam um pequeno livro com fotos de pássaros marinhos e peixes. Abriram em determinada página e lhe pediram:  ____Se tiver tempo, por favor, leia com carinho. E visite a Ilha dos Marrecos ! É muito importante!   
                
                  Dentro do livro Gervásio encontrou um bilhete.

              ____" Gervásio! Bom Dia !  Nossa Comunidade que vive da pesca artesanal soube desta reunião graças aos avisos de pescadores que moram em nossa Vila chamada de Vale Estrela. Deixo aqui com você algumas ideias e queremos reinvindicar iniciativas voltadas à proteção e preservação ambiental !"
                     
                   Gervásio sorriu para Maria, acenando positivamente com a cabeça.  Pensou consigo mesmo (  Eu sabia que essa Ilha está no meu destino!).

                      Maria Augusta ! Uma mulher forte nas suas atitudes, batalhadora e forte defensora do Manguezal. Formou com outros moradores quase que outra Cooperativa. Mas a central que recebe a descarga dos peixes e crustáceos, entre estes o caranguejo, o siri e os mexilhões é a mesma que recebe o pescado da Vila dos Pescadores. E assim a ideia que ela vem trabalhando de uma outra Cooperativa ficou relegada a segundo plano por questão geográfica e de logística de transporte.  Outro aspecto do Manguezal é o social, a habitação característica das palafitas que se erguem ao longo das margens do grande braço de rio de água doce que segue até o mar. 
                 
                      A realidade do Manguezal é muito diferente da vivida em alto mar. E as duas naturezas coabitam no seu ciclo de maré alta e maré baixa, os nutrientes do manguezal são produzidos através das fezes dos pássaros e aves marinhas, que alimentam toda uma biodiversidade. Todo um ciclo de vida   desde o solo que é rico em fósforo, potássio, 
 
                   A página dizia sobre os hábitos de reprodução do marreco mandarim.     É sabido que os marrecos mandarim recriam-se tanto na Ilha quanto na região dos manguezais.  Muitos peixes adentram o leito do mangue para se alimentarem de plâncton, produzido pelas fezes das aves e pássaros. Há um lado norte da Ilha dos Marrecos , que fotos aéreas ou mesmo vista das embarcações que exploram o mergulho turístico, aparece com rochas totalmente brancas e um longo e largo braço ao redor dessas rochas igualmente brancas.   Os pescadores falam que essa cor branca é produzida pela enorme quantidade de fezes depositadas pelos marrecos mandarim que habitam toda a extensão da ilha, bem próximos a pequenos rochedos que margeiam rios ou cachoeiras que desaguam no mar.  Toda a ilha é uma beleza em sua flora e fauna. Grande variedade de pássaros, uma variedade que vem atraindo fotógrafos e estudiosos.  As gaivotas, tanto a gaivota anã e a do tipo atlântica proliferam na Ilha e nas montanhas da Praia dos Pescadores.
                     Gervásio logo entendeu que ''andaria de braços dados''  no bom sentido com a notável líder Maria Augusta.  Uma história que corria por todos os cantos da vila foi uma briga que Maria travou com barqueiros que levavam turistas para ver de perto a coleta dos caranguejos ou os guanhamuns.    Durante uma alta temporada os barqueiros simplesmente começaram a se atropelar nas visitas, sem um controle de horário, iam e vinham ignorando o trabalho de conscientização que não era apenas sobre o ciclo de reprodução, mas que passava pela educação de não jogarem lixo , latinhas de refrigerantes, garrafas, plásticos, sobras de alimentos industrializados.  Havia um desrespeito porque estes barqueiros, não eram todos que agiam assim, porém naquela ocasião o lucro com esse turismo virou moda.
                   E então Maria Augusta quis por que quis dar um basta. Orientou a todos os moradores das margens a distribuírem  sacos de lixo e educar os turistas a recolherem os seus próprios lixos e levarem consigo . Imaginem!   Turistas estrangeiros que mal falavam o Português olhavam atravessado sem entender direito o que era aquilo. No começo tudo era uma ''novidade''.      Mas Maria Augusta começou com isso e não parou mais. Brigou e brigou tanto que acabou educando os barqueiros de que era preciso fazer isso para a sobrevivência do próprio manguezal como um todo.   Por isso que ela ganhou o respeito de todos! Foi muito corajosa!
                    Gervásio coçou sua nuca aloirada de cabelos loiros um tanto longos, e abrindo sua caderneta em certa página colocou-a sobre a mesa, olhou para um crucifixo na parede, fez o sinal da cruz rapidamente, viu que o Prefeito sentado nas primeiras fileiras do lado direito.
                      ____Boa Noite minha gente ! Boa Noite Maria Augusta e Neusinha! ( Aplausos) Boa Noite crianças presentes. E que Deus ilumine a todos nós nesta reunião!  Eu gostaria de convidar o Prefeito Josias Bastos a fazer parte desta mesa, por favor!
                                   O salão eclodiu inicialmente aplausos tímidos que ficaram mais fortes, por iniciativa do próprio Gervásio que puxando uma das três cadeiras ao longo da mesa ajudou o Prefeito a sentar-se que agradeceu sorrindo. Convidou também Maria Augusta a líder das mulheres catadoras de caranguejos , popularmente chamados de guaiamuns Antes porém como de praxe ele fez um pequeno discurso sem necessidade de microfone, evidente.
                           ____Amigos! Muito obrigado pelo convite! Eu estou feliz por estar aqui presente junto aos companheiros, e posso falar assim com toda tranquilidade e satisfação porque sou filho de pescador, meu Pai o Mestre Martins.   
                                      Novos aplausos irromperam no salão!
                               O Prefeito Josias Bastos admoestou os homens como que pedindo educadamente um pouco menos de aplausos, e emendou:
                             ___ Acredito que tanto quanto os senhores eu estou ansioso para ouvir o jovem Gervásio que é também é filho do meu amigo Senhor Simão, e portanto pescador, ambos fazendo parte desta Cooperativa tão valorosa!
                                E chega de prosa!
                         Gargalhou! No que foi seguido aos risos pelos demais. E sentou-se finalmente na cadeira puxando do bolso da camisa uma caneta esferográfica para fazer anotações.  Um certo agito verificou-se nos cooperados.  Com o gesto do Prefeito os homens quiseram imitá-lo a procura de canetas. Como se movida por algum instinto eis que surge no salão a menina Carla irmã de Gervásio trazendo um pequena caixa repleta de canetas de tinta azul e preta com algumas folhas soltas de papel sulfite. 
                   Mais do que depressa ela distribuiu aquele material, com o rosto vermelho de timidez, sob os olhos atentos de D.Teresa que quase a empurrou para o interior do salão. Com a porta entreaberta o maravilhoso cheiro da famosa moqueca invadiu o recinto. O Prefeito virou-se na direção da cozinha atraído pelo delicioso aroma, esfregando levemente as mãos e proferiu um '' oba''!
                  Novos sorrisos entre os presentes! D.Teresa ficou deveras preocupada, porque aquela moqueca não era para ser servida na reunião. E agora teria que por mais água na panela. Com a presença do Prefeito e aquele sonoro ''oba'' ficou evidente que ninguém iria embora sem provar um bocadinho da moqueca.  Chamou Carla de volta e fechou a porta da cozinha com um risinho disfarçado, pedindo ''Licença''...''Licença''.
                             Gervásio começou a falar!  Sua presença era iluminada. Quem o visse pela primeira vez pensaria estar na presença de um surfista carioca. Sua aparência física lembrava muito um famoso ator da época do filme "O menino do rio'' mas guardadas as devidas comparações, Gervásio era mais alto e mais moreno, bem moreno, queimado de sol constante no seu trabalho de pescador.  Gervásio trabalhava com o Pai desde os 5(cinco) anos e além deste trabalho, gostava de estudar , de nadar e correr na praia. Criado com os filhos dos outros pescadores, frequentando a mesma escola, indo à mesma biblioteca, já era por demais conhecido de todos. Era uma vida difícil, alternando a pesca em alto mar, quando podia ir com o Pai na pré adolescência com aproximadamente 15(quinze) anos ele já remava seu próprio barco, enfrentando hora o mar calmo, hora o mar bravo. Gervásio era muito responsável e admirado pela sua inteligência. As professoras e professores incentivavam o jovem que ia bem nos estudos, e ele frequentava a Biblioteca da Universidade porque não tinha todos os livros, e naquelas mesas ele fazia suas anotações usando algumas folhas, as mesmas folhas de sulfite em branco daquela reunião.
                           ____    Agradeço as palavras carinhosas do Prefeito! Novamente Boa Noite!
                              Como é sabido por quase todos eu e meu pai realizamos recentemente uma excelente pesca, pesca esta que os senhores tiveram a felicidade de confraternizar naquele Domingo de Páscoa!  Gervásio emocionado fez um breve silêncio.
                          ____ Foi um dia abençoado não apenas para a nossa família! Muitos aqui presentes fizeram uma boa pesca.  No entanto, em particular, o que aconteceu conosco foi especial, o que motivou exatamente esta reunião. Tentarei resumir os fatos, mas penso que haverá outras reuniões e alguns fatos serão inclusive repetidos, porque quero fazer desta experiência pessoal a experiência de todos vocês. Tomará Deus que eu consiga transmitir isso! Enquanto falo, eu peço ao meu Pai que faça a distribuição dos folhetos a respeito da Festa da Tainha!
                                   Maria Augusta pegou o folheto dobrou e olhava com certo ar de contrariedade mordendo o canto da boca. Ela queria falar, mas mordia a boca.
                                 O Prefeito aplaudiu e os pescadores também!
                                 Nossa vida no vilarejo sempre foi difícil, com dias bons e dias ruins. E se estou errado vocês me corrijam, por favor.  Não estamos satisfeitos com os preços oferecidos pela Cooperativa aos nossos peixes!  Falou Gervásio olhando ao fundo do salão. Ele notou a presença de dois homens. Eles eram do escritório da Cooperativa Central de Abastecimento.
                                  Gervásio não intimidou-se. O que dizia era patente e público. A própria condição daquela reunião era a prova física dos poucos recursos que os cooperados possuíam : uma sede provisória com um estacionamento de areia batida. Aliás, um estacionamento que foi cedido pela Prefeitura que pretende construir naquele espaço um Centro Técnico Profissionalizante.
                                          Vejo que estão presentes dois representantes da Cooperativa. Sejam bem vindos, afinal vocês pertencem aos nossos quadros, recolhem suas contribuições, e são diretamente envolvidos no tema que vou abordar. Inicialmente vou reler itens do estatuto desta Cooperativa de Pescadores desta vila em particular. Gervásio abriu um grande sorriso para outra pessoa que entrou no Salão. Era o Padre Álvaro que estava com um cartaz alusivo à Festa da Tainha.  Gervásio o chamou para sentar-se ao lado do Prefeito.
                                    ____Venha Padre Álvaro sente-se conosco! Que bom que o senhor veio!
                                    ____Desculpem chegar agora! Estava visitando um amigo doente! Felizmente ele está bem melhor!    Pode continuar Gervásio, prossiga com sua fala!   E Padre cumprimentou o Prefeito sentando-se ao seu lado.



                            

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Sétimo capítulo - Senhor Simão faz uma revelação!


                      Desde aquele mergulho, próximo ao paredão no entorno dos corais, ainda nos limites permitidos de pesca que Gervásio não tirava da lembrança as lindas imagens do cardume de agulhinhas que ficou bailando à sua frente subindo e descendo muitas vezes as águas mansas que assim se apresentavam naquela magnífica tarde, aquela abençoada tarde.  Uma pesca como nunca havia realizado desde há vários anos.   O pai de Gervásio conversando com ele por esses dias confidenciou:  ___ Filho querido, eu praticamente posso encerrar minha vida de pescador com este feito que realizamos lá pertinho da Ilha dos Marrecos. Que pescaria !!! Dois barcos cheios de Agulhinha e Agulhão! E vendemos muito. Eu gostaria de voltar lá, mas agora o tempo não ajuda. Tem chovido muito e a previsão será de mais chuva. Tão cedo não iremos voltar.   
                 ____Verdade meu pai, mas na verdade eu também gostaria de voltar e ir até a Ilha dos Marrecos.     Ela fica dentro dos limites territoriais ?  Eu pergunto porque sei que dos limites de pesca está fora de autorização , disso eu sei. Mas a Ilha é propriedade da Marinha Brasileira?  É muito importante que eu saiba disto por causa da ideia de inseminação artificial dos peixes. Claro que iremos fazer isto aqui mesmo, mais próximo da vila, por causa do acesso mais rápido e controle das quadras ou bolsas de cultivo, é assim que quero chamá-las: sim, quadras de cultivo. Dá prá entender, meu Pai?
                  ___Sim, entendo sim. Quero aprender tudo, sua ideia me agrada muito.  Vai gerar empregos para a vila, e outras da região.   Quer ir até a sede da Cooperativa, primeiro?   Aliás, hoje é dia da reunião agendada.   Melhor você escrever tudo o que vai falar.  Já fez as pesquisas?
                  ___Sim, tenho várias anotações que fiz na Universidade.   Ano que vem, tem vestibular! E fiz a minha escolha : Piscicultura com ênfase em inseminação!
                   ___ ''Ênfase?''  perguntou o Pai.
                   ____ É o mesmo que especialização!
                  ____ Hummmm
                     Aquele notebook que compramos para a Cooperativa vai ajudar muito, sabe? disse Gervásio.
                   ____Comprei em 10 vezes. É bem caro para comprar à vista!
                   ____Ajudarei a pagar, Pai.   E um computador será pouco, se tudo sair como eu planejo, o senhor verá vários em funcionamento.   Até os filhos e filhas dos pescadores irão aprender a usar.
                   ____Nossa! Então a coisa é muito séria!  Quero ficar à par de tudo, hein?  Deu um forte abraço em Gervásio!   Vamos! Vamos até a sede.
                    ____Entraram em uma caminhoneta cabine dupla que também era da Cooperativa, mas que o senhor Simão tinha autorização para dirigir. Gervásio ainda não tinha habilitação, embora contasse com dezenove anos completos.
                          Senhor José Simão era um dos cooperados mais estimados pelos outros pescadores, mesmo aqueles que eram de outras vilas, e olhando para o filho enquanto dirigia ele pensava sobre qual peixe seria melhor para a reprodução e venda, porque embora o peixe agulhinha e agulhão fosse bem procurado naquela região, ele sabia que em geral estes peixes não eram consumidos como alimento, e sim comprados para aquários, ou seja, eram peixes ornamentais.
                    ____Gervásio, porque você quer reproduzir o agulhinha e o agulhão se eles são mais peixes ornamentais ?  Para os fãs de aquários eles são vendidos bem baratinhos, você sabe que o tamanho varia entre 5 (cinco) à 7(sete) centímetros.
                      ____ Claro, Pai que sei disso, mas tradicionalmente nossa região consome eles como alimentos, são saborosos . É uma questão que vou conversar com os cooperados e eles saberão me dar razão. Vamos trabalhar a produção de duas maneiras, a reprodução natural e a artificial.  Eu decidi cursar a Universidade para me especializar em Psicultura, como lhe falei antes. Mas sabia que há Cursos Técnicos à Distância sobre isso ? Tenho um esquema planejado de como farei os jovens aprenderem e trabalharem diretamente mesmo não tendo formação Universitária.
                        ____Então, filhão! Minha preocupação é a grana, a parte financeira do seu projeto. Como vai iniciar?
                          ____Calma Sr Simão !  O segredo é a alma do negócio!  Na reunião que começa às 21:00 hrs apresentarei inicialmente as bases do projeto, veja bem !  Não será apenas a reprodução do agulhinha e agulhão, e sim de outros peixes.  Pensa que eu esqueci do seu comentário sobre o peixe , provavelmente o Salmão, custar r$ 15,00 nos Restaurantes da cidade? Sabe o que eu penso? Penso que esse Salmão, perdoe o trocadilho é bem ''solamão''!
                           _____ Olha, sei que você está animado, eu também estou, porém vejo que há questões delicadas nesse negócio.
                            _____Exato, e por isso que sua presença é fundamental nesta primeira reunião.  O Senhor é um bom negociante, o melhor que conheço, não falo porque é meu Pai! Disse sorrindo. O Senhor como se costuma dizer '' é macaco véio'' com experiência no ramo.   O Senhor vende Salmão na praia, não vende ?  
                             ____Vendo sim, às vezes tenho que vender quando fica difícil a pesca de outros peixes, e outros pescadores acabam fazendo o mesmo . Escute bem o que vou lhe dizer, se é que não disse isto antes. O Salmão que eu vendo é Salmão de cativeiro, ele naturalmente , digo, em sua origem, o Salmão é  particularmente encontrado nos oceanos Atlântico e Pacífico. Sinceramente eu não gosto de vender um peixe tão caro, porém quem manda no mercado, filho, é a demanda, a procura. Mas é bem pouco o que vendo, apenas para puxar a venda de outros peixes que consigo. E você sabe muito bem disso. Então, nós temos o Salmão que vem do Chile, a maior parte dele criado em cativeiro. O melhor Salmão vem da Rússia e do Alasca.  Meu comentário sobre o peixe do restaurante foi infeliz. Um Salmão de excelente qualidade custa bem mais que r$ 40,00 ( quarenta reais), portanto, alguns pedaços que vendo saem por r$ 9,00 . Ainda corro o risco de ser preso, você...desculpe, filho, talvez esteja surpreso com esta revelação. Achei até que soubesse. Enfim, faz algum tempo que deixei de vender esse Salmão. Foi uma ignorância minha. Nem mesmo a cor avermelhada dele seria verdadeira, porque há cativeiros igualmente nos E.U.A, Canadá, e Norte da Europa que fazem uso de corantes sintéticos. Quando comprava ''dessa gente'' e penso que eles sejam os menos culpados ou responsáveis, eu guardava os selos de procedência, geralmente informando que vem do Chile. Um ou outro acusam procedência de mares do Norte. Dessa forma eu me precavi de alguma autuação fiscal.
                                ____Mais um motivo para iniciarmos o projeto! Quero pesquisar toda as propriedades medicinais do Salmão que ouço falar serem entre outras, um poderoso antioxidante que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, inflamatórias, e atua no sistema imune. É  fonte de Triptofano, Vitamina D, Ácidos Graxos, Selênio, Proteína, Vitamina B3, Vitamina B12, Vitamina B6, Fósforo e Magnésio. É excelente fonte de Ômega 3, substância que reduz em até 81% a chance de ataque cardíaco
                                ____A Cooperativa proibiu o Senhor de vender o Salmão?
                                ____Na verdade, proibir não é bem o termo.  Você sabe que temos barcos menores.  A pesca mais ''pesada'' é feita por barcos bem maiores e esses barcos vem aqui, comercializam  o Salmão de cativeiro, que é lucrativo, ainda que não proveniente do Alasca ou Rússia. Não me pergunte porque mas acredito que alguém faz vista grossa para esse comércio. No fundo também somos responsáveis.
                                 ____Ahhhhh Paizão, Paizão! Olha só ! O senhor mesmo sabe a resposta!  O Salmão é trazido aqui para abastecer os restaurantes ! Garanto que eles desembarcam algumas caixas mais caras, que devem ser o Salmão de melhor procedência. E vendem aqueles criados em cativeiro. 
                                     _____Pode até ser! Mas a Anvisa aumentou a fiscalização ultimamente, e inclusive o consumidor aprendeu a distinguir o melhor Salmão. É uma questão de saúde principalmente.  Os corantes sintéticos podem causar alergias, problemas de visão e, segundo estudos recentes, podem ser tóxicas e carcinogênicas.
                                         ___Cautela e canja de galinha não faz mal à ninguém! Por hora, não toque nessa história do Salmão! Advertiu o Pai de Gervásio.
                                         ____Tudo bem, eu irei ou melhor, nós iremos com calma! Quando chegarmos  a sede quero que me ajude a salvar uma pesquisa no computador. A Ilha dos Marrecos esta me chamando de volta meu pai. Mais ainda depois de conversarmos sobre o Salmão. Os peixes agulhinha e agulhão continuam como destaques do projeto, sim. No entanto, iremos pesquisar sobre peixes que tenham qualidades semelhantes ao do Salmão.
                                             Se o Senhor realmente estiver interessado, pode arregaçar as mangas! Teremos muito trabalho pela frente ! 
                                        ____Ah é ! Pois escreva ai no seu caderno de anotações:  Os alimentos mais ricos em ômega 3 são os peixes de águas profundas: salmão, arenque, atum, sardinha, truta, cavala.E estou recordando agora de uma tabelinha resumida  de propriedades alimentícias de alguns peixes do litoral brasileiro. Nessa lista temos a famosa Tainha que você tanto gosta. O que você acha de convidar o Prefeito Josias Bastos para a reunião de hoje?
                                          ____Com certeza que ele virá, afinal ele é o filho mais velho do Mestre Martins. Se bem que nesta semana teremos os preparativos para mais uma Festa da Tainha na Brasa e os violeiros da vila irão se apresentar em frente à Igreja Matriz! ''Eita, Festão que eu gosto!" cantou Gervásio.
                                          ____É verdade! Como é que iria esquecer dessa Festa? Sua mãe adora! O Padre mais ainda porque faz duas missas a cada dia, nos três dias que dura a festa. Olha ai no banco de trás ! Tenho cartazes prontos para distribuir na reunião. 
                                           ____Eu é que ia quase esquecendo, Pai, de tão concentrado que estou com o assunto de hoje. Obrigado por ter lembrado, assim aproveito o gancho da festa pra tocar no assunto do projeto.              
                                       ____Chegamos !  Desce e abre o portão do estacionamento!
                                       O estacionamento era um terreno vazio bem ao lado da sede, um terreno com aproximadamente 100 m2 e capacidade para estacionar mais de 30(trinta) carros. Os carros da Cooperativa tinham vagas demarcadas na frente da porta central.
                                          Senhor Simão estacionou, enrolou embaixo do braço os cartazes, e pegou o caderno de anotações que ficará no banco de passageiros quando Gervásio desceu.
                                        ____Segura aí seu caderno! falou o Pai jogando o caderno em suas mãos.
                                     
                                   
                     
                                     

         

A ILHA DOS MARRECOS! OUTROS SEGREDOS!

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