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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Décimo Quarto capítulo - Em uma casa da Ilha dos Marrecos !




                  Usando seu computador de casa Gervásio fazia inúmeras pesquisas sobre legislação ambiental, e quais áreas estavam sob proteção do IBAMA-( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Em determinado trecho de uma leitura a respeito de formações geológicas ele deteve-se num tópico a respeito de espécies de tartarugas, em especial as tartarugas verdes e que elas desenvolvem-se muito bem em um Atol. E o que vem a ser um Atol? 

                  É um conjunto de ilhas de origem biológica compostas por corais e algas calcárias. Gervásio respirou fundo como que intuindo o que viria a seguir. Claro que ele estudou na escola os diversos tipos de formação geológica nas aulas de geografia e biologia, porém um estudo que estava quase que esquecido. Com o auxílio das pesquisas na Internet ele relembrou e atualizou seus conhecimentos. Estava sentindo um misto de satisfação e alegria, porque tudo assinalava que ele estava na escolha certa de suas decisões recentes.


                   Então, uma característica do Atol causou ao mesmo tempo surpresa e uma grande suspeita, na verdade, algo que ele já imaginava desde aquela fantástica pesca com seu pai. Esta característica é que as águas e as grandes piscinas naturais formadas no entorno da Ilha dos Marrecos são igualmente transparentes como o são em relação à um Atol.


              Outra característica não menos importante é que a origem de um Atol pode ser vulcânica e esta sobre uma superfície submersa composta por bancos de areia, inclusive formam-se diversos tipos de vegetações e surgem inúmeras espécies de animais.  Gervásio recordava-se do mergulho que realizou aquele dia com o mar absolutamente calmo, águas transparentes, que ajudavam em olhar toda aquela beleza da formação dos corais.


              O artigo citava a localização da maioria dos atóis no oceanos Índico e Pacífico e mencionou o famoso Atol das Rocas que é composto por duas ilhas a Ilha do Farol e a Ilha do Cemitério. Elas localizam-se a 260 km a nordeste de Natal, e ligam-se ou vinculam-se ao Estado do Rio Grande do Norte. Do conjunto de Atóis ao redor do mundo é o menor deles e situa-se no Oceano Atlântico.              

                       Não podia haver mais dúvidas !  O mapa desenhou-se na mente de Gervásio. Do alto daquela colina onde ergueu-se a primeira Igreja à Nossa Senhora dos Navegantes e onde também foi erguido um Farol era possível ver sem dificuldade a Ilha dos Marrecos.  A distância segundo os cálculos de Gervásio era muito próxima dos 180 km entre os dois pontos.  De acordo com todas as características e formação geológica tratava-se de um Atol, porém ninguém considerava assim.   Para atestar sua descoberta Gervásio teria que realizar estudos mais detalhes da região e ele não é a pessoa mais indicada para esta tarefa.

              O que de fato ele constatou foi que naquela oportunidade quando aproximou-se do costão, ele estava numa das extremidades do Atol onde as águas são rasas e as pontas dos recifes emergem. Provavelmente há uma montanha submarina naquela região. Se for semelhante ao Atol das Rocas a navegação de navios por lá terá que ser proibida. Estranhamente a Ilha dos Marrecos não possuía um Farol de orientação aos Navegantes, talvez por já existir um outro Farol no continente, ainda que há 180 km dela.


              Muitos questionamentos surgiram na cabeça de Gervásio, e agora sua preocupação maior era com a Cooperativa e seu interesse pela Ilha dos Marrecos teria que esperar um pouco mais. Sua descoberta de que aquele conjunto geológico formava um magnífico Atol ao invés de ajudar, poderia sim atrapalhar os seus planos.  

              '' Um passo de cada vez, Gervásio!" Pensava consigo mesmo.
              Como que instintivamente Gervásio olhou para os papéis que Maria Augusta entregara para ele na última reunião da Cooperativa, e folheou ao acaso para saber do que se tratava.  Como é que ele esquecera de ler ?
____Filho, venha tomar café! Só falta você conosco!
____Tudo bem , já estou indo!
              Estava com o laptop sobre o colo. Salvou o trabalho da Faculdade aberto em outra janela, fechou e guardou na gaveta da cômoda ao lado da cama. 
____Vou tomar um banho rápido! Não demoro! disse para a mãe
____Ainda vai tomar banho? Nossa!  Melhor ir depressa ou vai ficar tudo frio.             
          
                            Normalmente Gervásio estaria estudando na véspera do dia amanhecer antes da meia-noite, e dormiria para acordar às 05:00 hrs como era de costume a família fazer por causa da pesca. Felizmente era feriado, mesmo assim ele manteve a rotina e embora tivesse pego no sono lá por volta de 1:30 hrs da madrugada, às 05:00 já estava de pé quando aproveitou para pesquisar sobre a Ilha dos Marrecos.  Ouviu a voz do pai falar alguma coisa, mas o chuveiro não deixou ouvir direito. Desligou e entendeu o final da conversa:
 
____E quem adivinhar ganha um doce de abóbora!
 
        Gervásio trocou-se e caminhou para a cozinha. Ia pegar um pão com manteiga sobre um pires, mas levou um pequeno safanão da irmã caçula.
____Heiiiii, esse pão é meu!  disse Carla.   A mãe ''tá'' fazendo o seu esquentado na chapa, como você gosta!
____O que eu preciso fazer para ganhar um doce de abóbora? perguntou Gervásio.

____ O pai disse que recebeu uma ligação ontem de alguém que mora na Ilha dos Marrecos, e desafiou a gente a descobrir quem foi, você sabe a resposta? Se souber ganha o doce!

____Doce de abóbora? Que fácil essa...eu sei, é...

____ João Lucas ! responderam a uma só voz, unanimidade, inclusive o pai.

        Claro, a comadre Joana sempre trazia um doce de abóbora quando vocês eram pequenos e eu deixava aqui nesta mesa para fazer surpresa. E pelo visto ninguém esqueceu, não é ?

___Mas eles estão morando na Ilha dos Marrecos? Eles moravam aqui perto, não moravam? perguntou Gervásio, após o comentário da Mãe.

____ Bom , isso daí você pergunta ao seu pai que conversou com ele, eu ia dizer telefone, agora é o tal do celular!

____Pois é, vamos terminando o café que eu vou contando, porque é feriado mas temos uma rede de pesca pra costurar lá no quintal. Lembrou o pai a todos!
___Ohhh meu Pai, adianta um pouco a conversa.  Os primos estão bem, o Ricardo e a Anita? Nossa, a Anita eu lembro dela, deve estar mais ou menos com a minha idade, e o Ricardo um pouco mais velho. A tia Zuca que a gente chamava de tia Zuquinha, como esta?

____Mastigue direito esse pão,  Gervásio! É feio falar de boca cheia! reclamou a Mãe.

____Quando eu atendi o celular fiquei surpreso em ouvir os primos, João Lucas e a Zuca! Imaginem vocês que eles cantaram ao celular.  Querem, ou melhor, eles praticamente intimaram a gente a ir na Ilha dos Marrecos prá mostrarem a casa nova e comemorar o aniversário da Anita que vai completar 19(dezenove) anos!  João contou que agora eles formam um quarteto musical!

____Olha aí, eu não disse! Acertei em cheio a idade dela!

          Márcia e Carla ficaram em êxtase com a notícia. Adoravam os primos que chamavam de tios e mais ainda os priminhos, quer dizer, os primos em segundo grau adolescentes como elas.

____Continuo sendo a mais nova!  Exclamou Carla.
____É claro, e continuará sendo por toda vida!  completou a mãe.  Que lindo saber que todos eles cantam juntos!  José você lembra que as crianças cantavam com os pequenos as cantigas de roda aqui neste mesmo quintal?
____Querida, você esta cheia de saudades! Eles moravam aqui pertinho, esqueceu? socorreu o marido para avivar sua lembrança.
 
____ Trabalhamos tanto e acordamos tão cedo e voltamos no fim do dia quase noite que sobrava pouco tempo pra conversar com eles.

               Era sempre a Zuca que vinha com as crianças e a bandeja de doces de abóbora em alguns finais de semana, e também nos aniversários dos nossos filhos. Ficavam aqui um pouco, as crianças iam pro quintal brincar, e a gente ficava aqui na cozinha trocando ''um dedo de prosa''.  Eles são como irmãos mais velhos. São primos entre eles. A Zuca contava que o namoro deles chegou a ser proibido. Zuca é minha prima por parte da avó Perpétua, minha avó materna. E o João Lucas é primo do seu Pai por parte do avô Antonio Simão. 

                    Mas não puderam reclamar, e nem proibir, porquê aconteceu a mesma coisa com os nossos tios avós que se casaram.  Havia um outro primo que vocês não puderam conhecer. Esse primo chamava-se Getúlio. Era um jovem problemático, envolveu-se com más companhias. Com vinte anos ele saiu de casa sem deixar paradeiro. Nunca mais soubemos dele, se casou, se morreu, nada!  Pode ser que vocês tenham mais primos por aí!

                      José Simão, ou melhor Antonio José Simão, assim o chamavam em honra ao seu pai o velho Antonio Simão, se bem  que ele também estava ficando velho , ouvia com atenção D.Teresa ela mesma ostentava longos cabelos brancos, presos com um elástico deixando seu lindo rosto à mostra, pele morena e lisa, sem rugas.  Às vezes Teresa o chamava de Antonio.  O primo conversou muito mais do que ele contou. João Lucas disse que precisava contar-lhe sobre algo muito importante, porém só faria isto pessoalmente, e apenas para ele, nem mesmo D.Teresa deveria saber. Pediu segredo sobre esta parte da conversa.

____ O aniversário da Anita está se aproximando, é no próximo Sábado. Vou programar as pescas e pedir ao compadre Joaquim para me ajudar. Gervásio você , por favor, programe-se para essa viagem.
           Alugaremos um pequeno Saveiro que já é maior que nossos barcos, e aguardaremos a maré alta , na próxima noite da lua cheia, para chegarmos à Ilha dos Marrecos.   Estou curioso ! Em que parte da Ilha será que fica a casa deles? E porque resolveram mudar de endereço, ainda mais tão longe da costa ? Pode ser pelo tamanho da nova casa. A outra era mesmo pequena para quatro pessoas!
              




         



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